sexta-feira, 13 de junho de 2014

chuva ácida


queria fechar-se inteiro num poema
[...] quero eu dizer: todo
vivo moribundo morto
e a sombra dos elementos por cima

herberto helder, a morte sem mestre



fotografia de jorge pimenta


ofereço-te a insónia
mãos que transpiram e
um par de olhos pousados em nuvens
rasgadas

ofereço-te ilhas brancas e arquipélagos
navios inteiros, tripulações e
tantos impossíveis

sobretudo
ofereço-te este braço,
esguio e magro,
no punho de um guarda-chuva
derretendo a tela entre gotas ácidas
que incham, fremem e queimam o dia
em que regressámos um ao outro,
corpo gasto de tanto assobiar
ao medo e à fome de
todas as coisas.


16 comentários:

  1. a insônia de medos e desejos..
    fiquei a ler,reler e sentir cada verso.
    E me tocaram a fundo.
    tua foto perfeita! a música...
    beijo e um ótimo final de semana querido Poeta.

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  2. trago-te o sono
    com a calma nos olhos
    e duas mãos que agarram
    o sonho sempre (ainda)

    levo-te a sair do porto
    que fica numa ilha além
    rodeada de água e canto de gaivotas

    e um abraço apertado
    apenas
    sem palavras
    sem sombras
    com as cores todas do arco-iris
    escorrendo em espiral
    com que podes pintar
    os regressos de sons
    e dias findos sem medo
    e sem réstia de mágoas

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  3. Vejo essa tela esmaecer, mas ainda tão vívido o que umedece e corrói.

    Me atualizando por aqui com sua bela poesia, meu caro.

    Grande abraço.

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  4. o medo e a fome.
    e todas as coisas.

    saio por aí, assobiando.

    saudades, jorgíssimos. fred martins vai se apresentar em Braga. Arrume um jeitinho de ir ver. será na semana que vem. Anabela tem as informações.

    vê se não some.

    abração desse seu irmão meio esquisito, o

    roberto.

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  5. Jorge,

    um sábado,
    mais outro sábado fechado propício a se esconder
    ( e se perder).
    Esconde-se assim também o azul amalgamado - todo cinza contém.

    Este azul que te ofereço. E meu abraço
    Afetuoso

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  6. E eu atravesso
    náufraga
    entre os extremos
    do poema.

    Beijos .

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  7. maravilhoso, querido amigo. maravilhoso!
    poema, música,imagem…
    beijinho!!!

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  8. assim vivemos... definhando-nos diante da ilusão dos assobios que nunca afugentam o medo e a fome. agora, doar mãos úmidas de torturas e olhares que demoram sobre o véu desabotoado é gesto de loucura. a loucura ingênua dos que ultrapassam a dureza dos muros .vc, poeta, é afinação dos elementos sobre minha tumba

    bjs, meu amigo, com meus tantos impossíveis

    p.s.a imagem que vai se estreitando é bárbara. genial!

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  9. Profunda palavras
    Emoção ao ler, esse final é encantador

    corpo gasto de tanto assobiar
    ao medo e à fome de
    todas as coisas.

    Bjuss de boa noite
    Rita!!!

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  10. Muito intenso, maravilhosamente intenso :)

    bjs

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  11. A fome de todas as coisas...(Algumas vezes teus versos me rimam). Saudades, beijos!

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  12. Ouso oferecer-te o que me resta ... Uma amizade verdadeira e autêntica...
    Ouso despedir-me com beijo terno e saudoso!
    Parabéns, querido amigo!

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  13. Meu querido Poeta

    Há regressos doridos e partidas sem chegada...corpos com sede de amar.
    Como sempre deixas-me sem palavras para comentar o que apenas o momento do poeta vê.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  14. É muito linda a música do vídeo e a foto, como as demais que já colocou em suas postagens, arte que aplaudo.
    Suas palavras tocam e esse poema tem um oferecimento dramático, que nem sei se caminha para alegria ou dor. Trouxeram-me um sentimento ainda forte, na fraqueza dos braços estendidos. Bjs.

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  15. Tô ausente dos blogues ainda.... Mas chego aqui e o encanto é aquele que deixei na última vez que passei por aqui,,, É o encanto de sempre, mas por estímulos diferentes, singulares imagens poéticas, delírios cheios de exuberâncias!

    Beijinho, querido.

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