Ama como a estrada
começa
Mário Cesariny
I. gravidade
contei vésperas
amei ausências
jurei tantos mistérios
simples
neste estímulo de intentos
que me adivinho leve
a pairar sobre letras e cata-ventos
com que desfolhaste a terra:
hoje
esqueço-me de mim
no itinerário dos dias inteiros
ou não fosse o verbo o maior dos teus
silêncios.
fotografia de jorge pimenta
II. poema de fim de dia e seus quebrantos
escrevo versos como quem cavalga
nomes
nomes
como quem açoita
destinos:
afinal
é sempre tão húmida
a estação da saliva
com que velejas metáforas
e tantos impossíveis
meus.
fotografia de jorge pimenta