... o arrebatamento a
que são dadas certas águas.
Luís Miguel Nava
entrego-te o
corpo
a que deste
o mundo,
corpo-homem
febre animal fruto
de pele
açucarada
sem clichés
ou hesitações,
[
agarro-te as
escamas
que volteiam
como peixe
esquivo algures
entre a
terra e o céu,
[
farejo-te a
estrela, os lençóis
de luz
para beber
de ti o sorriso
e a pálpebra
fechada,
[
mordo-te o
palato
à distância
do umbigo com que gritas
nunca
[
mergulho os
lábios
nas
gengivas:
[
e o mel
em cascata, a
explodir
entre as
pétalas e a raiz,
é cavalo de
encontro às nuvens
farejando crisântemos
e pólenes
como um
poema de carne
nas tuas
mãos
brancas
silenciosas
absolutas
[
como todas
as coisas que respiram
mesmo depois
de morrerem.
fotografia de jorge pimenta