fotografia de jorge pimenta
És tu a ode onde aprendo a superfície do mundo, tu, corpo a serpentear pelas árvores enquanto metáforas te escalam a pele em absoluta nudez. Num gesto invisível, libertas as mãos, mãos estreitas, profundas, mais largas do que o amor, que é ter medo de morrer por não saber morrer. Arriscas dois passos para diante, agitas a anca antes de um mover de olhos para a luz onde nem a cal do meu rosto te trava o ímpeto, breve e inesquecível, como esse soalho feito de papel onde insistes em arder a cada movimento desprendido.
Saio de mim para te saber ver e é na leveza da dança que espalhas alfabetos indecifráveis, pétalas de certezas e travessuras onde, com a ponta dos dedos, rabiscas linhas no vidro embaciado do fim do magma - tão singelas, quase pueris, sem esconderem um ligeiro rubor de face que emudece a cada acorde musical no sacrifício branco do silêncio.
E ali ficámos, tu, eu e as marcas de um deserto suspenso na voz: é verdade, ninguém vive pela memória, mas é lá que o mundo se faz papel e tinta, poema atrevido e hemisfério noturno do tempo a desvendar todos os caminhos - mesmo os do impossível.
Belíssimo texto, um ode a beleza da arte, a arte da dança, onde a expressão do corpo se traduz em movimentos, ora compreensíveis, ora indecifráveis. E a cada texto seu, admiro mutuamente tanto as suas fotos e o seu olhar fotográfico, muito aguçado, e o seu bom gosto musical Jorge.
ResponderEliminarUm grande abraço pra ti.
a combinação de linguagens é uma outra forma de dizer, paulo - e como a fotografia e a poesia são dois ramos de uma mesma forma de expressão...
Eliminarum abraço, caro amigo!
Belo! E desvendamos caminhos nestas palavras.
ResponderEliminarBjs
e como nos desvendamos em cada caminho de palavras...
Eliminarbeijos meus, rita!
Belíssimo, Jorge!
ResponderEliminarE porque não quero interromper este maravilhoso bailado, recolho-me muda, por tanta beleza.
Deixo um beijo.
Bom fim de semana.
estendo-te as mãos num aceno feito de silêncios a desafiar todas o tempo que pontua a distância, sónia.
Eliminarbeijinho e uma excelente semana!
uma ode à arte e beleza do corpo com uma foto fantástica...
ResponderEliminar:)
neste caso, as palavras surgiram depois da fotografia, não o contrário como habitualmente me sucede :)
Eliminarbeijinho!
Que linda prosa poética, Jorge... E somente um artista inspirado saberia sair de si para ver o outro. Magnífica também a cantora Mariza, tão presente e inteira com sua voz ressonante. Grata por compartilhar de sua leveza.
ResponderEliminarUm beijo.
eu, sim, agradeço a gentileza da tua presença e palavras, querida andrea.
Eliminarum beijo!
Olá Jorge td bem?
ResponderEliminarUma obra de arte o que acabei de ler
um ode maravilhoso bjusss
Bom domingo bjusss
└──●► *Rita!!
rita, querida amiga, que bom ver-te por aqui.
Eliminarum beijo e, na impossibilidade de desejar um bom fim de semana, deixo-te votos de uma ótima semana que hoje mesmo principia.
Jorge, caio na mesmice mas só posso dizer sublime. Seu texto é tão envolvente e belo que me basta lê-lo, sem nada completar. A foto, magnífica. Você tem muito talento e bom gosto. Bjs.
ResponderEliminaraquela silhueta a convocar a luz para um bailado silencioso é a chave para as palavras, querida marilene; assim surgiu o texto: na contemplação daquele deslizar de formas de odalisca.
Eliminarbeijinho!
Olá.
ResponderEliminarUma ode, para contemplar o belo.
Estou seguindo o seu blogue, e lhe convidando a visitar-me. Seguir-nos ? é uma opção sua. mas, passando por lá, deixe um registro, um comentário. Para voc~e, sei, é simples. Para nós, um mar, de contentamento.
Abraços.
um abraço, josé maria, agradecendo a visita e a amabilidade das palavras.
EliminarA beleza da dança tão bem captada pelo teu olhar sensível de poeta.
ResponderEliminarA fotografia, lindíssima, a acompanhar esta prosa poética.
Abraço afetuoso, Jorge!
tenho uma sequência de movimentos desta pequena princesa de além-tempo que, invocando melodias imaginárias, desafiou a luz encantando retinas e lente; numas, próxima, noutras, mais afastada, mas em todas a graça e a delicadeza de quem tem a música tatuada na pele.
Eliminarbeijinho!
Você me deixa boquiaberta. Além de ser um escritor primoroso é um fotógrafo de primeira linha.
ResponderEliminarParabéns, Jorgíssimo!
Beijos cristais.
Meu Zeus, o que dizer?!?
ResponderEliminarA cada verso o espanto se renova.
Outro beijo, queridíssimo.
aprendiz de tudo o que me atrevo a fazer, é o que sou, cris... e quanto mais passos dou, mais longe me sinto do horizonte... todavia prossigo, fios de palavras nos dedos, anéis de luz nas retinas, verso e imagem a lavrar chamas em redor. e é na distância do que não sei que me vou completando.
Eliminarbeijos de cris-tal, musa!
Tão lindo!!! adorei a tua prosa, amigo!
ResponderEliminaradoro dança e confesso fiquei com aquela espécie de inveja :-)! ah, também queria dançar e voar assim em palavras e em vida…
beijinhos mtos, querido amigo!
mesmo sem melodia, há movimentos a galantear a luz que são toda uma sinfonia. e o corpo, essa derradeira não-ciência!
Eliminarbeijinho grande!
Como em “Mil e uma noites”, uma fábula de Sherazade a contar, narrar, ditar ritmo cadenciado, e apontar caminhos em frações marcadas, ora pela dança dos quadris, ora pela sugestão. Quando a luz que contorna a silhueta feminina, fulgura e sinaliza trilhas. Assim são as estrelas, não estão mais lá e ainda brilham a sobreviver contra o relógio. Recordei-me da minha incursão pela dança do ventre!
ResponderEliminarNeste exato momento, estou num hotel colonial na cidade de Três Coroas, na serra gaúcha. Vim por alguns dias a trabalho cobrir um congresso de um cliente, e tão próximo tenho o Orvalho distante da minha casa... E nesta noite, um frio próximo a 5 graus! Mas estou com uma taça de vinho na mão e com a lareira acesa:)
Sempre bom te ler, Jorge. (texto/imagem). Há três anos transcende a dinâmica dos blogs.
E minha menina-amiga-flor tornou-se uma mulher. Confesso que ainda não me acostumei com isso :) Tantas e tantas saudades da Maggie...
Beijo direto de Três Coroas para ti e um beijinho especial com muito carinho e ternura na bela flor!
o enquadramento é simples: dia internacional dos museus; mosteiro de tibães aqui mesmo ao lado; uma tarde de domingo, três horas, duas antes do grande jogo, final da taça de portugal, que o meu benfica viria a conquistar ao rio ave, naquele que era já o terceiro título num final de época de sonho. propus-me disfarçar o nervoso miudinho e proteger o que restava das unhas, por isso, decidi-me por uma saída com a máquina fotográfica ao ombro. nada de especial me movia, senão a presença da pequena maggie e um dos locais mais emblemáticos do portugal-português. duas horas sem destino, deambulando pelos claustros, pelas celas dos frades, pela cerca, na imensa igreja, pelo cadeiral e por entre manuscritos que os monges copistas reproduziram à mão uns séculos antes, quando, de repente, naquela nesga de luz, uma imagem me agarrou: a maggie, cada vez menos pequena, cada vez mais mulher, saia longa e dedos grandes, a esboçar movimentos de odalisca, enfeitiçava retinas e os céus. fiz uma sequência de disparos que se tornaram, eles mesmos, música. são estes os pequenos instantes que anunciam as pequenas eternidades, verdade?
Eliminarbeijinho grande!
p.s. 5 graus? por cá estamos em plena primavera, uns 23 graus, mas mesmo assim, o café, que se quer forte, toma-se sempre quente, bem quente. como bem sabes :)
beijinho renovado!
Jorge, se tinhas tudo isso a me falar, por que não escreveste para mim?
Eliminar... prometo que não mordo :) Pelo menos a 10.000 km de distância isso é impossível, mesmo para uma gaúcha faca na bota como eu :)
Até ao fim de semana te escrevo, tá bom? Que seja um aceno argentino com algumas notícias de cá.
O tempo é escasso, mas não pode ser maior que nossa amizade.
Abraço apertado de quebrar ossos, direto de um Pampa, hoje, mais quente, mas com temporal à vista
PS.: Sim, pois sobre do Benfica, parabéns! Quanto ao meu Grêmio... não tenho muito a dizer :( Mas com muitas expectativas para a Copa do Mundo, nada irá me fazer não torcer ao Brasil. Amo futebol!
ode às mil e uma vozes que não se definem nem noite nem dia no poema, por serem atemporais...
ResponderEliminarprosa lírica e imagem que nos suspendem feito tapete mágico!
beijos, meu amigo poeta das imagens pulsantes!
facilmente levanto voo no tapete mágico das tuas palavras, jô.
Eliminarbeijinho, amiga-poeta de lira fulgurante!
e numa dança inebriante, sentida e sensual, o verbo solta-se e dança ao seu ritmo...
ResponderEliminarbailarina que se evade na sua dança, palavra que, de forma insinuante e inusitada desafia e transcende, esse monstro, que nos persegue...
Saudades de tuas palavras!
Beijinho terno, querido amigo!