quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

pedras da calçada da vida adentro [VIII]


I. o salto

e depois, o salto, o corpo suspenso e a trança queimada; e depois, a escrita nas cinzas com a ponta dos dedos.

fotografia de jorge pimenta


II. refração

alimento-me de estrelas, de nuvens e do balanço inclinado da tua voz para saber presentes; tudo o mais é perder.

fotografia de jorge pimenta


III. monólogo de mãos para certezas improváveis

haverá mãos a desatar nuvens nos cabelos e um corpo dentro do corpo; haverá mãos, sim, num dia mais cedo do que o tempo.

fotografia de jorge pimenta


IV. pena capital


tocas os dias que faltam com lágrimas futuras: a noite pode até doer mas o tempo há muito deixou de existir.

fotografia de jorge pimenta


21 comentários:

  1. as fotografias (sensacionais), cada uma tem uma perspectiva diferente na pele; os textos, cada um com seu silêncio intocável... daí eu penso: como te valem as mãos!

    :)

    adorei a canção!!

    beijos, meu amigo das imagens mais que pulsantes! Adoro te ler!

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    1. há momentos em que sinto a fotografia como martelo sobre a pele feita parede de cartão - tudo o que capta logo se converte em organismo vivo a fecundar o músculo-verdade. agarradas às imagens, as palavras e todos os seus ecos e silêncios... e sinto haver tão pouco que seja a negação de tudo isto...

      beijinho com todo o meu carinho e admiração por ti, manto feminino de tantas das minhas pulsações!

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  2. Um verdadeiro prazer, de ver e ler.

    Abraço

    Sónia

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    1. é tão bom ter-te de novo por cá, sónia, nesta partilha que sabemos existir, mas não conseguimos definir e que só a palavra ousa...

      um abraço!

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  3. Venho pelas palavras e pelas imagens: dou as mãos a cada uma. Tuas fotografias também estão cada vez mais falando-me poeticamente. Muito rico caminhar por aqui...
    Beijos, Jorginho!

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    1. há já tanto tempo que as palavras que cruzamos, tuas e minhas, taninha, se fazem bússola e caminho...

      beijo grande!

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  4. Escrever é crescer na dor... risca-se, sublinha-se, grita-se surdamente, amarfanha-se , queima-se , destrói-se para construir...
    Sonhar é alimento da alma, tudo o mais a mina. Quisera permanecer no sonho e esquecer , que é preciso viver!
    As lágrimas caem copiosas e provam-nos que somos, que sentimos, com dor esquecemos o Tempo, vencemo-lo e transformamos o toque , o simples toque , ínfimo, leve, em amor..
    haverá esperança, quando o sonho definhar, haverá quem continue quando o caminho terminar...
    Grata por estes momentos, que me ajudam a prosseguir!
    Beijo terno para um amigo muito querido!

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    1. escrita, lágrimas, sonho e tempo - o que sabemos de nós para além da síntese perfeita que aqui deixas, alcina, é olhar e não conseguir ver...

      um beijinho grande, querida amiga!

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  5. o presente é um lugar "mais cedo do que o tempo", aqui e agora, onde tudo se faz vivo, não porque se vê a respiração das coisas, mas, e simplesmente, por respirá-las antes das cinzas.tudo mais são cadáveres.

    ah, homem-poeta, tua escrita é um beco chamado caminho

    bjs, amigo tão querido

    p.s. as fotografias estão no antes e cada vez mais vivas. grande olhar!



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    1. e se o presente for apenas uma projeção de um outro tempo, esse que não tem antes ou depois e, por isso mesmo, tampouco agora? e se o presente for todo o tempo que nos corre do coração à cabeça desconstruindo sorrisos e pontuando abismos e todas as suas inevitáveis impossibilidades? e se o presente for nós mesmos, à margem do relógio, do pulso ou dos dos deuses? e de o presente?...

      beijinho de orvalho, amiga de um beco onde faço meu caminho!

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  6. um primor entre imagem e palavra
    uma permissão para voar


    abraço

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    1. e como nos fazemos perpétuos nestes voos certos de asas cor de verbo no conjuntivo...

      abraço!

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  7. Contemplo imagens e entro em suas palavras para um voo de encantamento. Tudo perfeito. Tudo arte. Parabéns! Bjs.

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    1. e as tuas palavras que me (po)voam, marilene. beijo grande!

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  8. as palavras (tuas) perfeitas para imagens a condizer.

    ainda não me aventurei na fotografia a P&B.

    uma boa semana.

    beijos

    :)

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    1. tu conheces como ninguém essa linguagem mágica a combinar sentidos pelas palavras e pelas imagens, piedade. um beijo-sol!

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  9. Meus olhos saltam ao te ler!
    Um verso mais espantoso que o outro...

    Te admiro, poeta precioso!

    Beijos cris-tais*

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  10. tu, que és tão mais do que o teu nome e todas as palavras com que inventas mundos, tu, que és tudo isso e o tanto que por ti conheço e me torna maior.

    um beijo, crist-tal precioso!

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  11. Se já maravilhada com teus poemas...
    Agora ainda tuas fotografias!

    Para alimentar-me de estrelas
    entre nuvens.

    E a música?

    Tudo. Tudo muito lindo.

    O que mais posso dizer?

    Apenas um beijo, poeta querido!

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    1. de que se alimenta a luz senão de pão de estrelas, querida marlene?

      um beijinho!

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  12. Jorge, querido, quanta saudade dos teus olhares...

    fiquei passeando entre os versos e as imagens, tão belas as tuas fotos que, por hoje, preciso dizer que elas calaram-me. Gosto da imagem tatuada na minha pele, em preto e branco ouriçando meus sentidos. Gosto, sobretudo, da profundidade visual e sensorial das fotografias, ela traz-me esta sensação do movimento, contrastando com o estático, do ir-se em direção à porta - de chegada ou de partida é a mesma porta -

    Estava com imensas saudades mesmo
    um beijinho com afeto, querido amigo poeta.

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