Quando a minha mão
ia colher um fruto
o gume da folha feriu-me os dedos.
Yao Jingming, A noite deita-se comigo
fotografia de jorge pimenta
não sei já a
cor das açucenas
e o arco da
noite há muito atira
trémulas
paixões à rua
onde um gato
vadio
ensina versos sem rima à luz
do
candeeiro.
a pouco e
pouco o gás acende
presenças
enquanto lá
em baixo,
junto ao rio
do nome,
os navios dos
ossos adormecem
insónias na tua voz.
és tu a
noite,
a chama fria
a atiçar roseiras
com palavras
abandonadas:
sei que um
dia desejaste a mudez
dos espinhos
que não
podes dizer
mas hás de
repetir "amo-te"
antes que o
mundo desabe
e os corpos
se despenhem na melancolia
do fim do
tempo.
a mudez dos espinhos
ResponderEliminarbela sintaxe para o fim dos tempos
abração
silêncios de pele raspada, assis...
Eliminarabração!
Jorge,
ResponderEliminaruma melancolia sem tempo..
palavras cravadas nos espinhos da pele..
e a música..
beijos.
são assim os frutos que, mais que colhidos, nos colhem a cada estação...
Eliminarbeijinho, ingrid!
Alimentamos desejos e esperanças, mesmo quando tudo caminha para o fim. Bjs.
ResponderEliminarhá sempre uma luz que nos persegue, opaca, por entre os dedos, ora agitando navios naufragados, ora reacendendo horizontes, marilene.
Eliminarbeijo meu!
se pudesse me ligar eterno
ResponderEliminarao poema
ligaria-me ao vento
obrigada.
p.s 1: quando gêmeos ocorre de alguns desembarcarem antes. e o corpo experimenta vida-e-morte. :)
p.s 2: tive ano passado um livro de poemas do Yao Jingming em mãos na língua original. amei as ilustrações. li como uma criança. li o desenho das palavras ...
desprendimentos no corpo para vida-e-morte em cada pedaço dessa pequena eternidade.
Eliminarp.s. é assim a grande escrita, dani: lê-se e vê-se antes e depois do que se sente. yao é assim mesmo.
abraço!
"Quando a minha mão ia colher um fruto o gume da folha feriu-me os dedos."
ResponderEliminarFico com este verso a iluminar a noite que se avizinha insónia pura...
As tuas palavras, sempre catarse ler-te.
Despir a pele que me dói a cada silencio que passa...
Beijinho, querido amigo!
p.s. Gostei muito da musica e vídeo
a pele que se desprende, a essência subcutânea que permanece: carne e espinho em cada silêncio insone - são assim os frutos que ousamos colher.
Eliminarbeijinho, querida andy!
E yao jingming, fiquei curiosa por ler...
ResponderEliminarBeijinho
a filosofia das coisas simples, andy. e como isso se faz tantas vezes primordial.
EliminarNunca busquei viver a minha vida
ResponderEliminarA minha vida viveu-se sem que eu quisesse ou não quisesse.
Só quis ver como se não tivesse alma
Só quis ver como se fosse eterno.
Jorgito querido, Caeiro, sempre, e sempre,foi o meu preferido. Obrigada, meu amigo! Devolvo-te o carinho com as mesmas cores do poeta
vivemos pq, antes e depois do sono, há sonhos e eu, particularmente, quero crer na mudez dos espinhos, ainda que o sangue nunca estanque
um grande beijo, meu poeta formidável
enquanto sangra, vive. tudo o mais é sono, sonho e espinho em mudez anunciada.
Eliminarbeijinho, poeta da voz-verdade!
Meu querido Poeta
ResponderEliminarComo sempre ler-te é uma viagem entre o tempo e o espaço...entre o espinho e a rosa...entre o querer e o poder.
Tinha saudades de não ter palavras para te comentar, mas sentir cada palavra tua como um eco de melancolia.
Deixo o meu beijinho e a minha admiração
Sonhadora
amiga do sonho,
Eliminaralgures entre o espinho e a rosa, o tempo e o quase-tempo, espreitam os reencontros: como regozijo com este nosso.
um beijo!
"onde um gato vadio
ResponderEliminarensina versos sem rima à luz
do candeeiro".
São muitas as imagens belas e raras aqui; é como dobrar esquinas e encontrar, a cada uma, pepitas de ouro, e não saber como recolhê-las apenas com duas mãos. Mas me encantou, sobremaneira, o gato a ensinar versos à luz do candeeiro. Uma coisa estonteante ver o quanto de novo, de original, brota nesse teu chão. Admiração profunda. E embriaguez dos sentidos. Rodopios na Alma. Beijos, poeta instigante!
povoa o meu imaginário, desde miúdo, a imagem do gato que, de miado em miado, percorre ruas e vielas de pedra embalado pela melodia da noite. e quanto de(sse) gato não temos nós, taninha?
Eliminarum beijo grande agradecendo a tua amizade de além-versos!
Melancolicamente belo.
ResponderEliminarObrigada Jorge, por me trazeres aqui, a este teu novo recanto de emoções.
beijinho
cecilia
um reencontro que saúdo, cecília. desde os tempos de viagens com luz, com sombra, sobretudo com o desejo indómito de viajar...
EliminarJorge,
ResponderEliminarComentário bobo o meu, mas é o que sinto: o que fica é o que sobra:)
Entre idas e vindas e vidas (sete ou mais?), existem as pequenas eternidades, e o que é de fato (e)terno.
Exemplo? Nossa amizade!
Sinto te dizer, meu caro amigo, mas ainda vais ter que me aguentar por muitos anos...
Haja paciência!
Aconselho que tomes fôlego :)
Grande beijo (e)terno!
e por amor à palavra ,
ResponderEliminarpor palavras com Amor,
o tempo já não existe,
tudo é atemporal...
Beijinho, querido amigo fotógrafo-poeta!