nada do que morde me leva o lábio...
Jorge Pimenta
I. O medo das palavras que não
sei dizer
É assim o silêncio, cúmplice do
tempo a desflorar pétalas e a calçar
sombras no abandono da idade.
fotografia de jorge pimenta
II. À mesa do tempo
Deixa a vaga de silêncios adornar
a pele, assomando sulcos por cada letra trémula no vocabulário das mil e uma
mentiras. Schiu... escuta o silêncio porque tudo em que crês é surdo, seco,
sórdido como o oceano e aquelas palavras que a idade retém na boca para não
coagular lábios. Psssst, dá-me a tua mão, enquanto esboçamos, juntos, percursos
para a ilusão, devagarinho, sem ruído, não vá a nossa ousadia acordar o tempo.
fotografia de jorge pimenta
III. A arquitetura do ser
Na simetria dos passos, rostos
vendados a dissipar labirintos e presságios enquanto recolhem as linhas que
perderam na travessia da noite.
fotografia de jorge pimenta
IV. A trilogia da espera
Quanto de mim fica no tanto que em ti parte?...
fotografia de jorge pimenta
Oi Jorge!
ResponderEliminarBelas Fotos! Com muita qualidade.O tempo passa e as fotografias vão mudando de acordo com a tecnologia.Eu acho as fotos antigas fascinantes, admiro a nova tecnologia, as antigas traz recordações e lembranças do tempo que se foi.
Bom fds
Abraços
Nati
só na fotografia o tempo boceja e adormece, entronizando-nos apolos e vénus de tinta e eternidade...
Eliminarbeijinho, nati!
Maravilhoso, Jorginho! Esta última sucinta e ofegante. Beijos!
ResponderEliminarobrigado, adri. beijinho!
EliminarJorge,
ResponderEliminarMaravilhosa publicação!
Nem imaginas como é bom interromper um pouco o trabalho e vir por aqui aos goles de um café ‘meio-forte’! :)
Nada sei... apenas sinto, que quando o amor morde, sim, leva nossos lábios e tudo mais que nos contorna. Nesta última madrugada, tive acesso ao texto do poeta mexicano Jaime Sabines: Espero curarme de ti, - onde ele pede o tempo exato de uma semana para a amada que o abandonou, para se recompor e queimar seu amor. Deixo-te o finalzinho: “Sólo quiero una semana para entender las cosas. Porque esto es muy parecido a estar saliendo de um manicômio para entrar a um panteón.”
Quanto aos teus quatro tempos. Eis a palavra: fusão.
I. fusão com nós mesmos
II. fusão com o tempo
III. fusão com (nossos) cenários
IV. fusão com quem amamos.
Este último ficou aqui dentro Jorge. Pergunta e resposta simultâneas (basta retirar a interrogação, verdade?). Escrevi há uns dias um pequeno conto que tem qualquer viés. Daqui a pouco retorno com ele aqui por curiosidade, tá bom?
Beijos!
PS.: Um grande abraço para ti e seu Hernâni por mais um dia dos pais. Por favor, diga-lhe que o pessoal do sul do Brasil lhe enviou!
PS2.: Neste fim de semana irei à exposição de fotografias de Sebastião Salgado aqui em Porto Alegre na Usina do Gasômetro (espaço hoje dedicado à cultura e artes, à beira-rio Guaíba). Vambora? :)
aninha,
Eliminarcuriosa e bem próxima da forma como concebo a fotografia esta tua leitura da postagem aqui publicada. nem de propósito, catalogo as minhas fotos numa sequência que em tudo se assemelha ao que aqui escreves: o homem e o tempo; o homem e a pedra; o homem e a arte, o homem e a natureza; o homem, ele mesmo.
e por falar de fotografia, sebastião salgado é um monstro sagrado; contactei com o seu trabalho, pela primeira vez, num livro-reportagem que dedica inteiramente a áfrica. assombroso e inspirador, no mínimo. depois disso, e antes de me dedicar à fotografia com algum grau de sistematização e critério, cheguei a postar textos e reflexões no blogue (creio que ainda no viagens de luz e sombra) com fotos suas; recordo-me de uma em particular que exerceu sobre mim um renovado olhar sobre a composição e sobre o papel do ser humano nos registos... olhares sempre comprometidos e comprometendo-nos.
beijos muitos para ti e toda a família, agradecendo (e prometendo entregar pessoalmente) o abraço a meu pai!
Jorge,
ResponderEliminareis meu conto, apenas por curiosidade.
Beijos!
- Última cena -
Então era assim a sensação de despedida experimentada pelos personagens em filmes românticos brindados a cor rosa, beijos doces e pontes sobre rios sólidos a escorrer entre um e outro canto dos lábios. Um vazio como se mais uma bolha de ar o preenchesse por dentro.
- Cuida-te – foi sua última fala antes de tomar distância em voo rasante.
E o mar ali tão perto..., ainda pensou antes de alçar-se.
- Ana Cecília Romeu -
PS.: Esta tua pergunta/resposta/poema... ainda colocarei como incipt em algum momento. Posso?
lendo este teu conto percebo como, de repente, as nossas palavras têm navegado numa mesma direção... e o mar, mesmo que tão perto, se faz tão surdo e silente, verdade?
Eliminaracerca do pedido: é uma ordem - tua/teu, como incipit ou não, a pergunta/resposta/poema.
beijo renovado!
teu tempo partir
ResponderEliminartua ampulheta medir
e como não te sentir?
sempre onde na verdade, medes sem tempo pelo tempo..
adoro o colorido que o preto e branco dão às tuas palavras.
beijos sempre..
quantas vezes nos escondemos nessa cor amarga do fim do tempo?...
Eliminaro preto e branco cicatriza tanto do mundo...
beijinho, querida ingrid!
todas as fotos "falam" de tempo.
ResponderEliminaras palavras sábias como companhia das mesmas.
gostei de todas.
saliento a última pelo pormenor do foco.
obrigada!
boa semana.
beijos
o tempo é, afinal, o artesão que nos modela. as imagens, apenas algumas das formas de o sentir.
Eliminarbeijinho, piedade!
Esse silêncio é, muitas vezes, imposto pela ausência de ouvidos que aguardem palavras, depois de muito caminho no tempo. As linhas perdidas são irrecuperáveis e só têm vida nas lembranças. Ainda que o sentido de suas palavras tenha outra direção, as imagens que falam me passaram, de pronto, esse sentimento. E me encantam. Bjs.
ResponderEliminare não é esse o prazer maior da leitura/literatura/fotografia? abrir caminhos que tantos pés percorrem ao seu ritmo, do seu jeito, sem tempo - porque eles mesmos.
Eliminarbeijinho, marilene!
Linda publicação Jorge, tenho notado uma coisa, não é só um talento descomunal com as letras que você exala, mas uma sensibilidade fotográfica incrível, e aliada à sua escrita, é um casamento perfeito, lindas fotos (e amo fotos em preto e branco) mesmo, e belo texto, parabéns Jorge.
ResponderEliminarUm grande abraço amigo.
obrigado, caro amigo. fico imensamente feliz por te sentir por cá e, sobretudo, que tenhas apreciado as palavras e as suas legendas no traço!
Eliminarum forte abraço!
em espera, em aguardo
ResponderEliminaras palavras migram
nas horas que se elevam
abraço
só a voz não sabe envelhecer, assis...
Eliminarabração!
Meu querido Poeta
ResponderEliminarFica sempre algo por dizer entre o gesto e o tempo...entre a razão e o coração.
Como sempre o que dizer, quando as tuas palavras dizem tanto.
Um beijinho com carinho e admiração
Sonhadora
o que se não diz revela tão mais do que ousamos dizer...
Eliminarbeijinho, amiga sonhadora!
Jorge, o que mais me agrada de o ter por aqui encontrado, é realmente, poder olhar através do olhar "de quem tudo vê". A sensibilidade de quem vê o que à maioria nos escapa, associado à arte que possui com as palavras, é simplesmente maravilhoso.
ResponderEliminarMais um excelente post. Grata por este momento.
Deixo um beijo.
são assim os trabalhos do olhar: eis uma outra forma de dizer "poesia". e como tu sabes de que tecido se urde essa linguagem, sónia...
Eliminarum beijo grande e um agradecimento!
Jorge, querido amigo. Ando sem palavras...mas estou aqui. Levo a música para o Lua, oxalá não te importes.
ResponderEliminarum beijo, amigo lindo!
amei a música...
ResponderEliminar"Quanto de mim fica no tanto que em ti parte?..."
ResponderEliminarEste roubou a cena no meu silêncio...
e tão pulsantes imagens...
beijo, meu amigo!
Desculpe-me a ausência!