dedicado a um amigo
que, cansado dos homens, engoliu o tempo e todos os seus silêncios.
fotografia de jorge pimenta
I. cicio de pedra e um tanto de silêncio
o olhar dentro dos lugares
como pássaro preso ao céu da boca:
o passado é apenas
monólogo
com que despediu a voz.
fotografia de jorge pimenta
II. calendário dos homens
um dia de pedra, o corpo a desprender ramagens num desses outonos que
farejam os frutos da brevidade no calendário dos homens.
fotografia de jorge pimenta
III. clepsidra lascada
são nomes guardados na transpiração
nomes com que aproximas
o fim do mundo e as extremidades
dos dedos
tantos nomes sem mapa
apenas loucura a sangrar fígado
sobre os corpos tombados
lado a lado
cansados de ser
num derradeiro silêncio sem espera.
muito interessante
ResponderEliminara profundidade das palavras
e as fotos a fazerem jus ao descrito
gosto!
:)
grato pelas palavras e presença, piedade.
Eliminarum beijo!
Ah, meu querido poeta delirante: como tens o dom de reinventar o mundo! Há poetas que me sustentam quando me rondam sombras simétricas, empobrecidas...Tu me aviva... clepsidra lascada é mais esse assombro que não me deixa morrer em vida. És, sem sombra de dúvida, genial!
ResponderEliminarBeijos
p.s. - As fotogradias são poemas à parte.
taninha,
Eliminaro meu silêncio é tudo o que encontro quando diante do altar das tuas palavras - e, crê-me, como saber-me lido por ti se faz voragem e rebentação.
beijinhos com todas as minhas estações!
Olá querido venho lhe fazer uma visita aproveito pra te convidar a conhecer o meu blog... deixe seu comentário com o link que eu volto. bjs http://www.ficarbem.com/
ResponderEliminargrato pela visita, leny; terei gosto em visitar.te no teu próprio espaço.
Eliminarum abraço!
Muito sensível, Jorge, tua publicação e todos seus tons gris...
ResponderEliminarRecordei-me de uma passagem de Neruda que me esmero em colocar em prática desde que a conheci:
“eu quero que todos vivam na minha vida
e cantem no meu canto”.
O voo, ainda que incerto, mas vivo e aberto, pois com o fio de Ariadne por entre os dedos ao adentrar no labirinto-vida.
Uma possibilidade de sair ileso da pergunta tão temida, mas que Benedetti ousou fazer:
“o que virá depois da solidão?”
...
Um beijo dos Pampas e te cuida, tá bom?
PS.: ...o que virá depois da solidão? ...
aninha,
Eliminarhá palavras que anunciam a solidão, mas, por mais contraditório que pareça, jamais nos sentimos sós quando afagados pelas palavras... são elas a gaveta onde guardamos o que julgamos saber de nós... mesmo que com o mesmo nome e sendo já outra coisa - o milagre da existência a transcender a própria existência.
beijinho minhoto com gretas nos lábios deste frio polar que me percorre até aos ossos.
p.s. a resposta: um arco-íris cheio de cor. e esquecer outra vez.
as pedras são tão doloridas, meu amigo.
ResponderEliminarpedras bonitas, pedras corridas.
pedras.
pedras portuguesas sob a sola dos nossos sapatos.
pedras pesadas dentro da nossa consciência.
pedras que não esfarelam ao simples toque de nossas mãos.
saudades bracarenses, todos os dias, deste menino lá de são raimundo, o
r.
essas pedras que não têm princípio nem fim, robertílimo, essas pedras que são todo um fluir permanente que nos descreve em cada pedaço do que somos e através das quais tantas vezes caímos dentro do sonho.
ResponderEliminarum abracílimo desde esta braga fria que sabe exatamente onde estão esses lugares onde tudo se faz quente e caloroso!
nadamos contra certezas o tempo todo... e há quem não saiba o motivo de tanto cansaço!
ResponderEliminarbeijos com muito carinho, meu amigo de imagens tão pulsantes!
certezas que marcam, dúvidas que confortam. quais serão os limites do nosso acontecer, jô?
Eliminarbeijos meus!
Jorge,
ResponderEliminarpedra talvez seja minha palavra preferida.
Gosto de pronunciá-la, de ficar olhando pedras em sua solidão, mesmo às vezes tão aproximadas umas das outras, no silêncio que as envolve.
Lindíssimo!
Afetuoso abraço, poeta!
há uma porta aberta ao sentir nas tuas palavras, marlene, porta que faz nossas as palavras e cada um dos seus silêncios.
Eliminarbeijinho com amizade!
as palavras me apanharam num espanto rochoso
ResponderEliminarabração
eis a geografia sólida e (in)animada do ser.
Eliminarabração, assis!
Suas fotos são muito belas, Jorge! Antes de ler sua postagem costumo observá-las bem, pois também falam.
ResponderEliminarHá cansaço e melancolia em seus versos, um desconforto sem portas abertas. Muitas vezes, o que nos sobra são as interrogações. Bjs.
são assim as sonatas de outono, querida marilene, como as ramagens, desprendem gemidos e algum cansaço. felizmente as palavras - sempre as palavras - a segurarem as mãos.
Eliminarbeijinho grande!
p.s. as fotos foram inicialmente, para mim, um complemento das palavras; hoje sinto-as muito mais como outra forma de dizer e, por isso, de ser.
Jorgito, meu querido amigo, que derramamento de poesia nesta postagem! Tantas viagens contidas em cada verso. Não há exílio nem solidão para quem bebe a escrita viva, a tua. Eu, pedra que rola pela vida, agradeço este diálogo, meu, com tua intensa sensibilidade.
ResponderEliminarBjs tantos, meu poetíssimo
p.s. tuas fotografias escrevem vidas!
ira, minha tão especial amigapoeta,
Eliminarcada palavra escrita nesta postagem encerra um ponto de interrogação, pois exulta a amizade que a loucura tornou abruptamente breve e tragicamente incompleta; até por essa razão tudo se faz tão difícil de entender.
dediquei a postagem a um amigo que não vai poder lê-la, como não leu outras tantas palavras que lhe quis dedicar enquanto foi pedra rolante pela vida. há silêncios que se procuram e quem os não vive jamais entenderá.
um beijo com toda a minha amizade!
passado,
ResponderEliminarsilêncio de pedra,
em pedra se transforma a alma...
em pedra se transforma a dor...
empedrado o esquecimento do outro,
do tudo e do nada...
Beijinho meu, querido amigo!
o passado: quantas pedras o tornam mais pesado do que os ombros podem suportar?
Eliminarbeijinho, querida amiga!