... o arrebatamento a
que são dadas certas águas.
Luís Miguel Nava
entrego-te o
corpo
a que deste
o mundo,
corpo-homem
febre animal fruto
de pele
açucarada
sem clichés
ou hesitações,
[
agarro-te as
escamas
que volteiam
como peixe
esquivo algures
entre a
terra e o céu,
[
farejo-te a
estrela, os lençóis
de luz
para beber
de ti o sorriso
e a pálpebra
fechada,
[
mordo-te o
palato
à distância
do umbigo com que gritas
nunca
[
mergulho os
lábios
nas
gengivas:
[
e o mel
em cascata, a
explodir
entre as
pétalas e a raiz,
é cavalo de
encontro às nuvens
farejando crisântemos
e pólenes
como um
poema de carne
nas tuas
mãos
brancas
silenciosas
absolutas
[
como todas
as coisas que respiram
mesmo depois
de morrerem.
fotografia de jorge pimenta
Querido Jorge,
ResponderEliminarmesmo sentindo ser tua postagem mais ampla, optei por trazer dois fragmentos de poemas partindo de um viés. Porque os achei belos, porque pensei nos ecos de palavras, de silêncios, de tudo: extensão do corpo que se projeta na extensão de outro corpo.
Do mexicano, Jaime Sabines, - Diálogo sobre el amor que no se dice -
“... cada vez estoy más joven para dejar de amar
yo quiero ese amor que se sucede
verbo imberbe en cama adentro
en el salvajismo de los besos
en una mirada insoslayable inquieta
en un abrazo de misterios
entre dos personas que no se dicen nada.”
Do uruguaio, Eduardo Galeano, — El libro de los abrazos -
“Queriéndose sin decirlo y abrazándose sin tocarse.”
Beijos de até!
a poesia explicando-se a si mesma, aninha, nesse encontro de universais a que chamamos de sentires. especialmente tocantes as palavras do celeste galeano.
Eliminarum beijo "de misterios" para ti!
Poema de eriçar os pêlos da pele. Arrepio poético: nossa!
ResponderEliminarBeijos, queridíssimo!
as palavras que apontam à substância, taninha. assim, atento, à vertigem do desejo vagabundo num tecido poroso de tantas imensidões. e a poesia a chegar mais longe do que o corpo.
Eliminarbeijos mil!
este poema parece um céu com nuvens que a gente vai dando formas enquanto mira!
ResponderEliminarbeijos, poeta das imagens pulsantes!
o desejo, o espaço, a palavra - e tudo vibra!
Eliminarbeijinho, jô!
jorgíssimo,
ResponderEliminarvoltar aqui é como retornar à minha própria casa.
o poema?
ele é cio.
abraçoes,
r.
robertílimo,
Eliminaragora em nome próprio e ao arrepio de identidades outras: a casa sempre foi tua e minha, pois somos muito mais do que o nome que nos veste.
o poema? grito-animal, apenas.
abraço!
as coisas que teimam
ResponderEliminarinsistem em vicejos
e não se quedam
mesmo em precipícios
abraço
por-fio, assis, por-fio.
Eliminarabraço!
“Entrego-te o corpo”
ResponderEliminarÉ absolutamente perfeito. É real. É cru. É a única possibilidade, concreta, de possuir o homem, qualquer outra tentativa é invenção.
Poema-bicho cheirando a cio. Impecável!!!
Bj, queridaço poeta-imenso
quanto remanesce do tanto que se entrega, ira-poeta-mulher?
Eliminarbeijo amigo!
o corpo da entrega respira depois de morrer.
ResponderEliminare arrepia só de o imaginar, dani...
Eliminarbeijos!
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ResponderEliminarFantástico momento de encontro com o nosso querido poeta Jorge Pimenta!
ResponderEliminarPoema de entrega viril, de voluptia ..poema onde a palavra coberta de sémen, se reproduz e perdura, mesmo depois de morta...mexe-se, respira , seduz e se faz...
Beijinho, meu querido amigo-poeta-fotógrafo!
a palavra e todas as suas inevitabilidades... breves.
Eliminarbeijinho, querida amiga!