... a sua sombra
chegava sempre primeiro do que a minha aos desígnios da terra...
Não é meia noite quem
quer, António Lobo Antunes
fotografia de eurico portugal
larguemos os
braços e as significações
para que a
noite não volte
a doer.
não somos os
únicos a morrer,
o mundo
morreu-nos
e com ele
tantos amaciaram pulsos e carótida
no vidro,
por delicadeza.
nada temos a
negar quando
até as mãos
e a tinta adoecem
na
trajetória descendente
das nuvens.
somos jovens
e ambos
sabemos que o sangue ainda morde
nas
autoestradas do corpo
num voo a
alta velocidade
desenhado
degrau a
degrau
pelo amor,
as coisas e o corpo.
e agora
que do
desastre temos largo
e inútil
conhecimento?
e agora
que as imagens
arrefecem
na
guilhotina das páginas?
e agora,
que o rosto se
estatela
na espiga do
sexo
por a não
saber morder?
e agora?...
do tempo
pouco se sabe,
mas sempre
que a voz reescreve
o silêncio das
árvores
há um verso
a fecundar
as cores
vivas dos frutos:
ventres,
correntes de areia e suave loucura
de tantos mundos
ainda por dizer.
fotografia de eurico portugal
que depois de amanhã seja sempre um poema.
ResponderEliminartão bonito!
as autoestradas do corpo o verso a fecundar a suave loucura e tanto ainda por dizer
guardo o vento em silêncio no tempo das árvores e a luz que atravessa o vidro das janelas quase sem respirar
beijo grande querido moço
vais, depois de amanhã começou já hoje, com a tua sempre especial presença em redor deste orvalho.
Eliminarbeijo meu!
o tempo nos bafeja o seu enigma, enquanto nos devoramos nas palavras e elas nos soletram
ResponderEliminarabraço
palavras a devorar-nos sobre toda a gaguez do corpo. há, afinal, tantos mundos por dizer...
Eliminarabraço, assis!
tanto a dizer... tanto a sentir!
ResponderEliminaràs vezes basta apenas se deixar ouvir o TUM TUM do peito!
beijo, poeta amigo!
p.s: tem texto que escrevo e só bem depois percebo o quanto ele cabe a mim! escrevi um indagora... parece que me cabe mais ainda depois de te ler:
TINTO
da tez
do verbo
do passo
cabe
ao sangue
ser essência
e cor
;)
é assim mesmo a poesia, jô, fios a entrelaçar vozes como esse sangue-essência a fixar o rasto da cor: e o peito rufando sentidos e direções.
Eliminarbeijinho!
ResponderEliminarInfinitos mundos a serem ditos. O poeta o dirá, um a um. Isso é demais:
do tempo pouco se sabe,
mas sempre que a voz reescreve
o silêncio das árvores
há um verso a fecundar
as cores vivas dos frutos:
ventres, correntes de areia e suave loucura
de tantos mundos ainda por dizer.
Beijos, poeta grande!
infinitos mundos a serem ditos, mundos infinitos que nos dizem: e somos, afinal, linha de tinta em efervescência humana.
Eliminarbeijo, taninha, amiga muito muito especial!
Eurico querido,
ResponderEliminarum fragmento de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" - de Machado de Assis:
“No primeiro dia pensei em me matar. No segundo, em virar padre. No terceiro, em beber até cair. No quarto, pensei em escrever uma carta para Marcela. No quinto, comecei a pensar na Europa e no sexto comecei a sonhar com as noites em Lisboa. Em seis dias Deus fez o mundo e eu refiz o meu.”
Penso que o "depois de amanhã", é o sétimo dia.
Abraço
o sétimo dia... o dia em que tudo se faz possível!
Eliminarbeijos, aninha!
volto aqui e queria tanto dizer o quanto me tocou em especial este poema, mas não consigo...há palavras que não cabem nas emoções.
ResponderEliminar"ventres, correntes de areia e suave loucura
de tantos mundos ainda por dizer."
beijo, meu tão querido amigo!
andy, querida amiga,
Eliminarquantas vezes as palavras se escondem nos cristais do dizer procurando enfeitiçar as emoções; e tudo por nascerem em coágulos de sangue, lábios de ferida em tons de carne viva.
beijinho!
E, num silêncio ensurdecedor, escuto o eco de tuas palavras...
ResponderEliminarNão, não escuto, sinto...e viajo para o mundo do esquecimento,
Onde tudo e nada são unos...e razão é sentimento...
Parabéns. Beijos
que melhor incubadora para as palavras do que... o silêncio, alcina? talvez ele, o silêncio, seja mesmo o grande escultor da poesia.
Eliminarbeijinho e um agradecimento muito especial pela viagem até este orvalho!