O prazer, no entanto, não é eterno. Dura
o espaço do amor.
Nuno Júdice, in Psique
raptada pelos zéfiros
fotografia de jorge pimenta
chegam
devagar
as linhas,
segmentos
deitados sobre
o movimento
a contar dias
arrancados
ao corpo
e a cada
precipício suspenso
na idade
são linhas
escuras
sombras
rugas lepra
a tentar a
beleza e a língua
que não
sabes quando se desligará
do tempo
por isso tremes
por isso o
sangue freme
e uma cama
explode
no viço seco
de uma morte
anunciada,
sem medo,
segura
no frescor rápido de um
golpe
que trepa
pelo ar
já quase só
cansaço da tua boca
fechas os
olhos e elas,
as linhas,
sempre as
linhas,
galopam por
ti acima
lambem-te o
umbigo,
espreitam-te
as entranhas
e atiram-se
para o teto do
mundo,
descalças,
apenas
saliva e gemido
por viver
todo o corpo de um só golpe
e depois que
o frenesim adormece
no silêncio,
voltas-te
e és apenas coágulo
de linha junto às mãos
mãos abertas
para nada
porque nada te
pertence:
se me prometes a vida toda
por que apenas me concedes
uma parte?
As linhas que escrevem tortas o gostar, o amar.
ResponderEliminarAs linhas, elas, que traduzem nostalgia de um sentir que há pouco se foi.
Elas escrevem o partir de um partido coração.
Beijos
as linhas e cada hiato seu a desafiar as formas que assumíamos redondas e imutáveis... como as que se não veem mas pulsam, vivas, mesmo quando quebradas, do lado de dentro do coração.
Eliminarbeijinho, suzanita!
o que é a vida toda para o tempo?..
ResponderEliminarpura reflexão tuas "linhas" querido Jorge..
beijos de ano fresco e pleno de inspiração..
o que é a vida toda... senão tempo? saibamos sempre conceder ao nosso tempo toda a vida ou existir terá sido apenas parcela de calendário.
Eliminarbeijinho, querida ingrid!
penso no quanto somos pródigos dos detalhes que nos compõem...
ResponderEliminarmeus primeiros beijos deste ano novo, meu querido amigo poeta das imagens pulsantes!
e notá-los, percebê-los, sabê-los (aos detalhes) torna-nos quase sempre... tarde de mais.
Eliminarbeijo de início de ano para ti, poetamiga das palavras-estremecimento-apaziguamento.
Pois venho para anunciar vida, Jorge!
ResponderEliminarEstou cansada de perdas e óbitos. Penso confeccionar flechas das linhas a acertar tudo o que esteja dormindo, a ver se resulta em novo despertar.
Deixo-te esta música que diz-não-diz, diz-não-diz tudo o que tantos caracteres meus não conseguiriam:
http://www.youtube.com/watch?v=INgXzChwipY
Beijos infinitos!
PS.: Respondendo-te: Se a única parte concedida for de fato única há nela tantas vidas que não cabem nos dedos de uma só mão. Prenúncio inevitável de mais seis episódios. Pois há o que resista a sete vidas, ou mais...
coleciono flechas com que iludo o vento, a direção e a força motriz; do aço, faço um verso, do alvo o caminho e assim, astrolábio de arremesso, saberei a luz que jamais se extinguirá nesse infinito tão perfeito que nunca sabemos se é imagem ou reflexo...
Eliminara vida toda... é a parte não mensurável da própria vida. por isso o quantificador universal ("toda") de maior abrangência acaba por apontar ao mínimo... afinal, o que é maior, um copo de água no deserto ou uma cachoeira na amazónia?
beijos e infinitos!
Ah! Jorge, antes que eu me esqueça, retornando como motorista argentina (até porque estou com uma pequenita já com malas prontas à praia:)
ResponderEliminarExiste a possibilidade de retornar neste verão a Bsas. – Buenos Aires, que tenho imensas saudades... Mas por lá tremenda confusão, para teres uma ideia, o litro da gasolina que custava 3 pesos subiu para 8,90 (!!!) E um paradoxo: como fica tudo mais interessante en las tierras hermanas quando se instalam esses tropeços que anunciam sempre a reação do cidadão argentino, um povo que nunca se cala.
Digo-te isso, porque se for pretendo te trazer um presente porteño para juntar ao uruguaio que já te trouxe em julho passado. Em algum momento, te os entregarei pessoalmente regados a café forte, nem que eu tenha um saco de 30 kg de presentes:) mais um lenço azul de eternidades... a te oferecer. Promessa que não é vazia, pois carrega palavra de gaúcha com pealo de sangue, esse que construímos já há quase três anos, Jorge.
E... confesso, também um certo interesse em ter mais instantâneos do único fotógrafo que conseguiu me deixar um pouquinho parecida com a Farrah Fawcet :)
Besos porteño-gaúchos!
buenos aires, aninha, é um mundo que apenas passou a fazer-me sentido a partir dos teus relatos que é outra forma de dizer pelos teus olhos. de há três anos para cá que desejo vivamente descer el camiñito, atrever-me a um tango na avenida 9 de julho ou comprar um livro em el ateneo: poder fazê-lo contigo seria seguramente o melhor presente que poderia ter, querida amiga; quem sabe?
Eliminarbeijos e infinitos!
p.s. sobre farrah fawcet: o segredo não está na mão ou na lente do fotógrafo; antes no modelo :)
Ah, estas linhas a desencadear esse desfecho: forte! Bela Ode, Jorginho!
ResponderEliminarDesejo-lhe um ano de muita paz e realizações. Beijo.
as linhas e o reflexo da nossa própria finitude...
Eliminarum beijinho, adri, agradecendo e reiterando os votos para o melhor de tudo em 2014!
Jorge, bela foto e música adorável de se ouvir.
ResponderEliminarA finitude de tudo não impede mudanças. As linhas se alternam, assim como promessas e sentimentos. Talvez vivamos em um labirinto cujas saídas são desenhadas por linhas aparentemente impenetráveis.
Desejo-lhe um ano de luz, para que sua visão nunca se obscureça. Bjs.
belas e sábias palavras, marilene: a finitude não impede mudanças; saibamos ler o tempo, o vento e tudo o que em nós apodrece reclamando metamorfose.
Eliminarbeijinho e feliz ano novo!
gostei destas linhas, com um certo toque de sensualidade.
ResponderEliminarenigmático e bem escrito.
bom ano e boas fotos e boa inspiração.
beijo
:)
:)
Eliminarum beijo grande, piedade, desejando-te igualmente um ano muito feliz!
o poema é todo um corpo de gente buscando outra gente no afã de ser tudo o que jamais pode ser. belo de tão humano! Não será uma vida toda essa parte doada?
ResponderEliminarbj imenso, poeta maior
essas linhas de vésperas dissipadas buscando o fim do tempo sem sequer saber tocar-lhe no fundo: onde começamos e acabamos nós?
Eliminarbeijo, amiga-poeta de tantas vidas!
tudo que é finito se inflama de ar
ResponderEliminarabração
ascese e respiração: a outra forma de dizer (in)finito.
Eliminarabração!
Lembrei-me de Antonin Artaud e a beleza da finitude: "O por-do-sol é belo por tudo o que nos faz perder"...Leio beleza imensa no teu poema. Há infinitos contínuos em teus versos. Mesmo quando é do finito que falas. Amo-te, poeta-poesia!
ResponderEliminarfinitude/infinitude: o equilíbrio na linha diáfana do caos - e há tanto em nós que nos impede de perceber os sinais...
Eliminarbeijo-te as mãos e cada pedacinho de verdade que te habita, poeta-amiga-poema!
Belo e real. Tudo num tempo que é o nosso, apenas.
ResponderEliminarBom Ano Jorge.
abraço
cvb
o tempo que nos precede, o tempo que nos poscede.
Eliminarum beijinho e um ano muito feliz, cecília!
finito no tempo, mas infinito para a alma.
ResponderEliminarcomo medir o tempo, se feito de momentos, momentos infinitos!!
não existe maior dádiva que, em momentos finitos, darmos o que mais de (in)finito existe em nós...
beijinho meu, querido poeta-amigo !
tantos infinitos em cada fragmento desse tempo que não é universal mas de cada um de nós...
Eliminarbeijinho, amiga-poeta-fotógrafa tão querida!
O tempo é implacável! E tu és poeta de primeiríssima linha- a leitura finda e a voz prossegue...
ResponderEliminarBeijos cristais de quem te admira.
da implacabilidade do tempo e de todos esse lugares que construímos... quantos deles não mesmo feitos de silêncios?
Eliminarum beijo para cris(a)tal, amiga do tempo, do verso a enfeitiçar a mão e do tanto mais que é também meu!
Muito lindo o teu poema,a musica muito calma,uma perfeição de postagem. Quero desejar-te um excelente ano de 2014,tudo de bom para ti!! http://musiquinhasdajoaninha.blogspot.pt
ResponderEliminaro espaço de olhos aberto
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