A felicidade é ser feliz e perder a memória.
(tradução livre)
Ingmar
Bergman
fotografia de jorge pimenta
és tu que os
ventos percorrem para chegarem
às palavras enluaradas
e eu,
num equívoco
de madrugadas,
espero por
ti
entre dois espaços e nenhum,
entre dois espaços e nenhum,
hoje
enquanto as
ruas perdem a gente e os lugares,
agora
que todas as
palavras adormecem
no fundo
raso de um poema.
és tu quem
chamo,
um nome a
iludir as horas
porque o
sangue adormece nas estradas
do corpo
e os
espelhos crescem para os objetos
mas quando,
por fim,
estendo os
braços para o fim da tarde,
chegas num
navio invisível,
sentimento
rachado nos corpos
e confissões
a pingar tempestades e impossíveis:
és tu
já não
deidade de lábios
mas de
sombras
a atiçar o
mistério de pétalas e distâncias
de que
regressas
não sei
quando
não sei onde;
apenas depois do tempo que se
não fez.
no desencontro do tempo que não se fez
ResponderEliminarvestígios de uma floração etérea
abraços
do tempo que se não fez, floração etérea, devastação eterna.
Eliminarabraço, assis!
De que parte de ti vêm imagens tão extraordinárias, poeta? A viagem começa com
ResponderEliminarBergman e faz vertigens "confissões pingando tempestades e impossíveis". Simplesmente, estonteante. Que bom que existes! <3
taninha,
Eliminarsempre tão especiais as tuas palavras que me rendo a tamanha ternura e generosidade.
as imagens de que falas: talvez sinapses a ligar a tríade existir-escrever-sentir: o adn de todos nós, afinal.
beijinho!
"não sei quando
ResponderEliminarnão sei onde;
apenas depois do tempo que se
não fez."
Delicado... Um sopro!
Absurdamente lindo!
Abração, Jorge!
talvez haja mesmo um tempo-gente para além do tempo-tempo...
Eliminarbeijinho, marlene!
Meu querido Jorge
ResponderEliminarPor vezes o tempo não nos dá tempo para ter tempo de concretizar.
Como sempre deixas-me sem palavras e apenas te deixo a minha eterna admiração.
Feliz 2014
Um beijinho com carinho
Sonhadora
infeliz realidade, essa, amiga do sonho: o tempo que não dá tempo à gente... merecia ele que a gente não desse gente... ao tempo.
Eliminarbeijos muitos!
hoje... agora... o presente é sempre o melhor lugar para se chegar ao nome que jamais será ou quem sabe tocar, simplesmente, o atiço da distância. o tempo, em nome de tudo que não se fez, é sempre uma grata surpresa
ResponderEliminarprocurei sentimentos, uma só palavra, pra vestir o poema, e nada encontrei de tão espantoso, então, uso o meu alfabeto rasteiro... é difudê esse poema!
bj, meu amigo-poetíssimo de tantos milagres nas mãos
o presente... esse não-tempo algures entre o devir o que já foi...
Eliminarmaravilha de comentário, ira! difudê, mesmo :)
beijo-te, amiga feiticeira, deslindadora dos mais intrincados mistérios do homem!
há tanto que esta mão escreve...
ResponderEliminarnunca foi dela nenhuma palavra?
mas a ela nada mais cabe
nada mais importa senão escrever...
depois disto, o que dizer?
beijos, meu querido amigo das imagens pulsantes!!
ter/pertencer são inimigos do ser... e a mão que prossegue a viagem solitária?!...
Eliminarbeijos, amiga da poesia maior!
por vezes (algumas) as palavras podem faltar, mas, elas estão sempre lá à espera de serem escritas, manuseadas, acarinhadas e por aí adiante...
ResponderEliminargostei também da foto.
boa semana.
beijo
:)
as palavras: a extensão dos dedos com que manobramos (ou enredamos?) os fios do coração, piedade.
Eliminarum beijo, grato pelas (palavras) que aqui deixas!
Ex-plen-do-ro-so!!!
ResponderEliminarÉs tu que chamo de brilhante, ainda que não seja o bastante...
Beijo cris-tal, poeta preciosíssimo!
é a luz da tua poesia que mantenha acesa dentro dos meus olhos, cris-tal!
Eliminarbeijos!
Jorge,
ResponderEliminarmeu comentário será como o título de teu poema, em palavras que se não dizem, mas se sentem, e muito...
Sei que entenderás: este é um dos teus mais belos poemas que ainda não escreveste.
Recordei-me, deixo para ti:
http://www.youtube.com/watch?v=9NWC1rEPMbE
Beijos e mar!
PS.: Escrevo-te sem falta até o fim de semana, tá bom?
aninha,
Eliminaros títulos que se não escrevem mas dizem, logo ali, ao lado, dos que se escrevem... e se esquece de postar :) nem acreditas, só depois de ler esta tua nota regresso ao texto para perceber que o título "exercício para verbo cansado e apatia" ficou na gaveta...a prova inequívoca de que há palavras dentro dos silêncios - como estas que me deixas na melodia oceânica que juntou marisa monte e a imortal cesária évora.
beijos e infinitos em tons de orvalho - afinal, o mar mais não é que mil e uma gotas desse elixir misterioso que tem o aroma e o paladar de cada um.
Ah! Sobre Buenos Aires, por supuesto!
ResponderEliminarPois sabes, Jorge, que já fui por lá um par de vezes e ainda há tanto a desvendar... Soube de mais alguns ‘rincones’ interessantes a conhecer, com um primo uruguaio que por lá residiu alguns anos: há uma livraria imperdível (para além del Ateneo e de tantas outras), que fica na Av. de Mayo, disse ele que é propriedade de dois velhinhos muito simpáticos (sim, existem porteños simpáticos hehe), que caso se agradem com o freguês o deixam subir em escadas caracóis e explorar os livros que estão mais próximos ao teto em pé direito muito alto, onde terminam as prateleiras de madeira que começam no chão; mas ali, ‘nas alturas’, há primeiras edições (algumas publicações não estão à venda) de clássicos da literatura platina, por exemplo: Rayuela, de Cortázar, (aquele romance de 1963 de que te falei, recordas? Onde pode se ler os capítulos em diversas sequências), e bem ao fundo, escondidos, sofás enormes para manusear por horas as publicações, mas... há de se ter carisma com os velhinhos :) Também uma casa de tango no subsolo de uma casa de espetáculos na Av. Corrientes (esta avenida tem casas de espetáculos teatrais e musicais que funcionam 24h, - assim como a Biblioteca Nacional Argentina, localizada em outra parte da cidade, mas fica aberta 24h, com acesso a todos!). Mas depois te conto sobre essa casa de tango..., me empolguei :), mas preciso retornar ao trabalho. Digitei muito rápido, se tiver erros os ignore por favor.
Vambora ser feliz!
mas, pelo programa que acabas de sugerir, acredita que posso ser bem convincente :)
Eliminare eu que ando em maré de romance com livrarias; depois da lello, cá no porto, aquela que é considerada a mais bela do mundo: selexyz, em maastricht, uma abadia católica que preserva a arquitetura, a ambiência, os frescos no teto, conjunto a que se juntou o conforto de uma livraria e o melhor cheesecake do mundo - ingredientes que a tornam cosmopolita e imperdível; em amesterdão, uma passagem pela american bookcenter, lá onde, ao lado de livros, crescem árvores (está também no elenco das 20 mais do mundo). fica-me a faltar el ateneo, por su puesto, e esta que agora deslindas ao meu olhar.
e eu que ainda ontem falava com um amigo que prepara uma odisseia pela américa do sul, lá para o verão, com paragem obrigatória em buenos aires. é evidente que lhe falei do muito que conheço da capital argentina pela tua voz e que está há algum tempo, a par de montevideo, inscrito no tal caderninho de obrigatórios :)
um beijo renovado recuperando a máxima com que fechas a tua nota: vambora ser feliz!
As palavras adormecidas não impedem o despertar de sentimentos e o uso destes, de forma belíssima, pelas desobedientes mãos do grande poeta. Bjs.
ResponderEliminara insónia do coração em cada palavra adormecida, querida amiga,
Eliminarbeijinho!
Mais uma vez uma linda postagem,é muito bonito o que escreves!! Vejo que gostas de musicas calminhas,eu prefiro mil vezes mais musica mexida,tipo discoteca. Beijinhos fofinhos!! http://musiquinhasdajoaninha.blogspot.pt
ResponderEliminarE, no silêncio as palavras, mais verdadeiras, mais reais e mais sentidas...
ResponderEliminarE, no olhar mudo, a verdade (in)finita...
E, na insónia a mágoa dos (im)possíveis (in)finitos...
beijo muito, muito especial para um poeta e querido amigo!