Sophia, com as suas palavras de
terra e de mar, alimenta vidas através do silêncio da escrita.
[dedicatória encontrada no livro Histórias
da Terra e do Mar, de Sophia de Mello Breyner Andresen, que repousa numa
estante da minha biblioteca]
Boekhandel Selexyz Dominicanen: fotografia de jorge pimenta
é ele, o livro
sonho a vestir viagens e
aventuras de areia com mãos frias
despido de mapas ou tesouros,
apenas caminho e pés
a queimar plantas e bolhas
em cada mil vagas e marinheiros
é ele, o livro,
cheiro, odor, castigo,
indiferente à loucura e à passagem dos anos
bicicleta com luz a trepar os olhos
e uns pingos de sangue no joelho
daquela encosta onde soprei estrelas
e nuvens
no balanço inclinado da tua voz
é ele, o livro,
estação do ano preferida
a rugir prados e açucenas
com que queimavas a pele
e rufavas delírios
nesse cortejo de ânsias e
bem-quereres
é ele, o livro,
o espaço que o tempo habitou
num mundo que começa e acaba
nas crinas das linhas, nos contornos das letras,
livro-esboço de infância sem relógio
em cada som murmurado
em cada palavra repetida
nalguns sentidos roubados
bem ali ao lado da cadeia infinita de silêncios
e de algumas mortes escorridas
na tinta.
Boekhandel Selexyz Dominicanen: fotografia de jorge pimenta
Boekhandel Selexyz Dominicanen: fotografia de jorge pimenta
Boekhandel Selexyz Dominicanen: fotografia de jorge pimenta
Boekhandel Selexyz Dominicanen: fotografia de jorge pimenta
Boekhandel Selexyz Dominicanen: fotografia de jorge pimenta
Boekhandel Selexyz Dominicanen: fotografia de jorge pimenta
Boekhandel Selexyz Dominicanen: fotografia de jorge pimenta
Boekhandel Selexyz Dominicanen
Há lugares assim. Depois do fascínio da Livraria Lello, no Porto, um
daqueles lugares que parecem suspensos no mundo e, para o meu amigo Roberto
Lima, a mais bela livraria do mundo, atrevi-me a um salto à irresistível
Boekhandel Selexyz Dominicanen, em Maastricht - Holanda. Considerada como a
mais bonita do mundo, esta livraria é muito mais do que um lugar onde se compra
livros; é um espaço de culto, montado, em 2007, numa abadia dominicana do
século XII que até há bem pouco tempo se encontrava abandonada, tendo, até então,
servido como depósito de bicicletas, o mais comum meio de transporte naquelas
latitudes. O contraste do ambiente austero e da arquitetura gótica (onde até os
tetos preservam os frescos) com a sofisticação da decoração moderna e a
intemporalidade do livro a vestir paredes e estantes, tornam-na num espaço de
reverência que convida ao intimismo e à introspeção. Desses que o mundo nos
oferece e que, como a Lello, no Porto, ou El Ateneo, em Buenos Aires, temos a
obrigação de eternizar - por nos eternizarmos com eles. Afinal, é ele, o
livro...
e ele, o livro, será sempre o nosso melhor amigo...
ResponderEliminarmuito bom o poema e a postagem.
gostei muito!
beijo
:)
o livro e cada uma das suas viagens... das nossas viagens e inércias.
Eliminarbeijinho, piedade!
É ele o livro: espaço de adivinhar. Gosto disso!
ResponderEliminar"Do verbo apenas entrevi o contorno breve:
É coisa de morrer e de matar mas tem som de sorriso.
Sangra, estilhaça, devora, e por isso
De entender-lhe o cerne não foi me dada a hora." Hilda Hilst
Querido, estou a menos de um mês do lançamento do meu livro, por isso tenho vindo menos a este espaço de delícias. Desculpe-me
Beijooo
hilda hilst, soberba como sempre. ainda hoje guardo com imenso carinho uma preciosidade que a amiga rejane martins um dia me deixou: poemas da própria como letras de melodias por zeca baleiro, "de ariana para dionísio". agora, estes versos que me atas à lapela para tudo fazer ainda mais sentido...
Eliminarum beijinho, adri,desejando todo o sucesso para o novo rebento literário!
Fiquei fascinada com as fotos, verdadeira catedral do livro. É ele, o livro que nos abriga os silêncios, nos esconde, nos envolve de forma silênciosa, é ele o mistério, a luz, a paixão. É ele que eterniza sentires desnudados no papel. É entre ele e nós que o mundo mais intimo da palavra se manifesta.
ResponderEliminarGostei imenso do poema.
beijinho
cvb
um arrepio de lugar, cecília, de verdade. do mais esplendoroso onde estive nos últimos anos. recomendo vivamente... e há tantas companhias low cost para lá que vale a pena aproveitar :)
Eliminarbeijinho, grato pelo carinho e pelas palavras!
Que postagem escandalosamente arrebatante! TUDO, poema e imagens...Obrigada, Jorginho, pelo presente a nós todos! É ele, o livro!!!
ResponderEliminaré ele, o livro,
cheiro, odor, castigo,
indiferente à loucura e à passagem dos anos
bicicleta com luz a trepar os olhos
e uns pingos de sangue no joelho
daquela encosta onde soprei estrelas
e nuvens
no balanço inclinado da tua voz
Beijos,
o maior presente, lá onde cabe tudo o que não vem nos livros: a amizade e o bem-querer que tão vivos em ti sinto, taninha!
Eliminarum beijo e todos os livros que me caibam nos lábios!
Gostei das fotos e da poesia.
ResponderEliminarAbraço!
grato, jota! agradecido pela visita e pelas palavras; imensamente satisfeito por ter gostado.
Eliminarum abraço!
Nossa, queria morar nessa livraria. Que linda composição fotográfica, meu querido.
ResponderEliminarAgora fiquei curiosíssima para ler a sua Sophia. rs. Vou olhar na Biblioteca aqui.
Beijos meu querido poet'amigo além mar!!!
sophia é daqueles autores que não são daqui ou dali; são de todos os lugares, suzaninha; após leres algo dela, a minha apreciação aqui far-te-á sentido, estou certo.
Eliminarbeijinho grande!
e os livros queimados...
ResponderEliminardessas cinzas ressuscita pena!
beijos,meu amigo poeta das imagens tao pulsantes!
p.s: gradeço teu passeio por entre a Lira! O blogue se ilumina quando chegas por lá!
depois dos livros queimados... continuaremos a escrever mundos nas suas cinzas com a ponta dos dedos, jô.
Eliminarbeijo, amiga de tanto de mim!
p.s. tu e cris juntas, sempre uma renovada experiência de leitura e respetivas sensações.
Jorge,
ResponderEliminarbelas e inspiradoras fotografias!
Venho como motorista argentina, mas espero que compreendas...
É que, coincidentemente, estou a um passo de visitar pela sexta vez a segunda mais bela livraria do mundo: El Ateneo!
Não vejo a hora, estou muito empolgada!
Será pouco tempo em Bsas., a ideia é visitar as cidades do delta do rio Tigre, que ainda conheço pouco..., para um retorno provável à capital porteña em julho:
soube que a partir de maio, quando há a Feria del Libro de Buenos Aires - , acontecerá uma série de lançamentos e eventos literários imperdíveis, incluso para a pequenita Luíse aproveitar, que se estenderão até todo o inverno.
Tentarei, não agora, mas com calma em julho, trazer-te um 'regalo' de El Ateneo, ou da livraria dos dois velhinhos de que te falei.
Mas, podes vir junto em julho, vambora?
E um dado curioso, por um lado; mas triste, por outro:
a grande Buenos Aires (Buenos, e região metropolitana), tem mais livrarias que no Brasil todo... [um dado para uma bela reflexão..., e, certamente, uma crônica]
Deixo uma frase do poeta Oliverio Girondo, com toda sua picardia porteña:
"Un libro debe construirse como un reloj y venderse como un salchichón"
Grande beijo!
PS.: Por favor, envies um grande abraço aos teus pais. Não esqueças!
aninha, que felicidade teres essa cidade de tantas das minhas ilusões de viagem aí ao alcance de um, de duas ou de quantas visitas lhe queiras fazer. e depois, todo o charme da capital do tango com os seus infinitos paraísos por descobrir; el ateneo, por su puesto.
Eliminare o maior regalo seria mesmo poder fazer-me presente aí, ou na livraria dos dois velhinhos por ti já conquistados, ou numa das centenas outras que existem em maior número do que em todo o brasil, tudo para que o mundo se não faça apenas de léguas mentais ou de miragens improváveis.
desfruta, aninha, pois seja uma , seja duas, seja as vezes que for, aquilo que nos toca jamais se esgota ou se repete.
um abraço com estas asas que me anunciam em pleno voo.
p.s. o abraço a meus pais foi já dado e agora aqui retribuído, lamentando apenas nele se não ver o brilhozinho nos olhos de ambos quando lho-lo dei.
digo que, do cadeado mais bárbaro, o livro é a chave!
ResponderEliminartrouxeram-me, as fotografias, olhos infantis, um vestido de palavras e fé nas nuvens
Jorgito, meu grande querido, uma poesia digna desse altar de palavras
um grande beijo por mais essa sensibilidade
vestidos de palavras e fé nas nuvens - que mais se nos fará necessário, poeta-feiticeira de tantas das minhas palpitações?
Eliminarum beijo maior!
Quando aqui chego tenho que parar por algum tempo. Há muito para se deliciar. Fotos encantadas, música de qualidade, versos... Ah! Os versos! De uma riqueza e profundidade que merecem atenta releitura. Faço uma viagem, a mesma que nos proporciona os livros, o melhor dos meios de transporte. Maravilhoso poema, Jorge. Bjs.
ResponderEliminarobrigado pela partilha das tuas sensações de viagem nas asas do verbo, na rota dos livros, marilene.
Eliminarum beijinho, amiga muito especial!
e pensar que, na Lello & Irmão, tivemos que nos comportar como dois contrabandistas.
ResponderEliminarvocê não teve tempo, sequer, de achar aquele meu ângulo... aquele sem papada ou barriga.
jorgíssimo, qualquer dia destes a gente se encontra para novas páginas deste novo livro da nossa amizade. ando saudoso.
nostálgico, mesmo.
e é imensa a livraria que a vida nos apresenta. e nela não tem essa de Lello & Irmão, não.
e que se conste nos autos: o seu blog está cada vez mais bonito. lugar bom de se estar.
abraçao do seu amigo de sempre.
aquele
roberto.
robertílimo,
Eliminarum acontecimento único e irrepetível cada chegada tua até aqui, a este blogue que não é meu, mas nosso, desta tertúlia que se quer nas palavras mas também tanto, e tanto para além delas. e este lugar é tão especial que faria a lello ou a selexyz parecerem um beco de esquina apenas habitado pela ausência.
que este lugar tem páginas e que todas elas se fazem do verbo da pele, do abraço, da partilha, do sorriso e da saudade... não dessa que receamos poder atolar-nos à espera, mas daquela que nos renova em cada instante-certeza de reencontros - em braga. ou num qualquer lugar deste nosso mundo.
abracílimo!
p.s. agora, se quisermos fotografar na lello, não temos de ser contrabandistas ou traficantes; bastará procurar nas algibeiras pela moeda de valor certo. mas o preço é justo, pois sempre me concede a possibilidade de procurar aquele tal ângulo que faz de ti um bieber de qualquer idade :)
Olá boa noite e que prazer voltar por aqui
ResponderEliminaragradeço sua visita carinhosa, e dizer que
o livro é nosso melhor presente,melhor amigos
e deixa nossa alma mais transparente
Abraços com todo meu carinho
Bjusss________Rita!!!
um beijinho com carinho e todos os livros que nos alinham caminhos, rita.
Eliminarperfeito Jorge..
ResponderEliminarsem palavras..
imaginação vai longe.
beijos de carinho
abraço em silêncio... que sejam eles, os livros, quem nos fale por erguerem flores, levantarem cidades e o tanto que nos faz homens/mulheres, ingrid.
Eliminarbeijinho e todas as leituras!
caixinha mágica
ResponderEliminaro livro
faz a luz
e o
silêncio
conduz
abração
por vezes pandora, mas que desafio-luz não descerra riscos?
Eliminarabração!
O livro , em seu silêncio e sabedoria, entra de mansinho e fixa-se, fazendo-nos refletir, pensar questionar, ou simplesmente, adormecer embalada em seus prodigiosos sonhos ...
ResponderEliminarbeijinho meu, querido poeta amigo !
o livro, centro na distância que nos percorre, alcança e projeta; o livro, porque só nele o onde se faz aqui mesmo.
Eliminarbeijinho, amiga da fotografia, das palavras e da gente-gente!