I. biblioteca
de súbito o frémito:
é a geometria da pedra
as toneladas de fogo até aos olhos
e a majestade do sangue
a percorrer metros de linhas
e tantos quilómetros de
viagens escritas,
ainda mais por escrever,
na contingência arbitrária
da palavra
da respiração aflita
e da grandeza inevitável:
tímida e certa,
restrita e absoluta
como tudo o que parte do corpo
em direção às coisas
que não têm preço.
fotografia de eurico portugal
II. pontuação
fosses tu poros e respiração
e eu apenas o instante,
sôfrego e urgente,
a pontuar-te todo o corpo.
fotografia de eurico portugal
a geometria da pedra: figuras e corpos: e esta indagação a tremular
ResponderEliminarabraço
figuras e corpos: voos perpendiculares: e esta equação a crepitar por entre melodias roucas.
Eliminarabraço!
Que imagem esplendorosa:".. as toneladas de fogo até aos olhos/e a majestade do sangue
ResponderEliminara percorrer metros de linhas/e tantos quilómetros de/viagens escritas..." Essa sensação que me trazem, sempre, seus versos...de estar olhando o mundo pela primeira vez! Eu me estreio e estreio mundos: quando te leio, Eurico. Obrigada por isso...
Beijos,
fôssemos nós todos os nossos mundos, verdade, taninha?
Eliminarum brinde a todos os olhares que despertam pela primeira vez!
beijinho!
sinto.
ResponderEliminarsim. tu.
Eliminarbeijo!
Poeta precioso, a tua voz continua explendorosa.
ResponderEliminarBeijos cristais.
Observaçãozinha: desculpe minha ausência, não tenho conseguido acessar seu blogue nem por reza braba, tive que usar outro caminho dos deuses.
cris,
Eliminarque saudades da voz do tempo fecundo a erguer cidades cavalgando o eco da tua.
abraço!
Eurico querido,
ResponderEliminarantes sobre a biblioteca.
Espelhos, reflexos, arquitetura, concreto, concretude "em direção as coisas que não têm preço". E na minha vida, a arquitetura sempre esteve ligada aos sentimentos. Ter um pai arquiteto deu nisso.
E aquela jovem árvore que ganhou definitivamente um destaque nesta tua fotografia,Eurico, recordou-me de certa vez, anos 70, quando meu pai refez todo o projeto de uma casa, a fim de salvar um imenso e antigo Jacarandá que se situava bem ao centro do que futuramente seria a sala de estar: recortes de mansarda, jardim de inverno contornado por imensos panos de vidro... Enfim, o projeto foi um sucesso. E quero pensar que o Jacarandá ainda vive.
Grande beijo!
PS.: Sobre a fotografia comento onde? Aqui mesmo no Orvalho?!
aninha,
Eliminarainda que começando no rasgo, no papel e no esquadro, ainda que ganhando forma no betão, na pedra e na argamassa, as grandes obras definem o verdadeiro firmamento no traço do coração, o ponto de equilíbrio que fixa todas as energias do universo. por isso mesmo, as grandes obras erguem-se acima do nome do criador, eternizando-se junto com as mãos que projetam, que escavam e insistem. o jacarandá tocou a luz de um coração que jamais desaparecerá.
beijinho!
Eurico,
ResponderEliminarsobre a pontuação.
Fotografia de um Apocalipse que anuncia em toda sua dramaticidade e inevitabilidade um surpreendente Gênesis. Um "al revés" do que seria o esperado.
Lembrando o soneto da fidelidade, de Vinícius de Moraes:
"Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."
Pois então que os poros e toda a respiração tenham sete vidas!
E que tudo seja reticências ad infinitum...
Cada vez que três pontinhos perdessem dois, logo mais dois apareceriam :) Incrível!
Numa projeção geométrica para lá de interessante.
Isso não seria o paraíso? :)
Grande beijo!
PS.: Envio-te depois notícias do tempo.
um ponto vazio, um ponto exemplarmente vazio, desprovido de forma e geometria, leve como o ar, na simplicidade de todas as bocas que acendem o ar quente com que gravitam sonhos, corpo e linguagem. um ponto vazio, supremo na completude de nada, pois tudo ali cabe mas nada está, esse nada que é tudo, silêncio e palavra, grito e gemido, sorriso e línguas enlaçadas. porque é no milagre da pontuação que a sintaxe do corpo solta as páginas ao vento e ao tempo.
Eliminarbeijinho!
E o instante, ainda que "sôfrego e urgente", se perpetuaria.
ResponderEliminarBeijinho, Eurico.
as eternidades que entronizam o momento e todas as suas urgências.
Eliminarbeijo, alcina!
Sobre a Biblioteca...
ResponderEliminarMuito se escreve com a pena onde mergulha a tinta do coração...
Muito há por escrever, mesmo com ânsia, com vontade, com urgência de conhecer...Mas, não tem preço, e ...a escrita é dolorosa...
Parabéns, amigo-poeta-fotógrafo.
Beijinho meu.
a escrita, esse fragmento de tinta atirado à planície branca, súbito, suspenso, às vezes violento sobre cada ferida cinzenta de pulsos frágeis; como se define, afinal, o coração?
Eliminarbeijinho!
A impressão que levo de toda leitura, é ir do peso ao suspiro... ou do suspiro ao peso! O entremeio fica reservado aos esquecimentos!
ResponderEliminarbeijos, meu amigo poeta!!
esquecimento: a antecâmara de tudo quanto não sabemos deixar de recordar. e eu suspiro, jô...
Eliminarbeijinho!
verdadeiramente intensa a tua pontuação, belíssimo!
ResponderEliminarcomo disse no lua, palavras- incêndio, as tuas palavras.
beijinho, querido amigo!
as palavras: purga ou castigo na cave de cada um dos nossos autos de fé?
Eliminarbeijinho, querida amiga!
Genial!
ResponderEliminarUma pontuação urgente, mágica, de tirar o fôlego.
Ponto final.
beijinho
e tudo nada é senão rasto de tinta...
Eliminarbeijinho, sandra!