fotografia de eurico portugal
25 de abril
de 1974:
depois do
grito sem sangue
o ar
encheu-se de promessas, cravos e
quase
certezas.
assim abril:
depois do
sonho,
o tempo a
colecionar troféus
que apenas brilham
na sombra
dos homens.
e abril
adormeceu-os:
agora sem
boca
dentes
podres
e mau hálito
habitando
silêncios num espelho,
creme
anti-rugas e um par de mãos
cansadas de massajar
cravos e dores.
abril
tardio:
o dedo magro
imita o vento,
primeiro
sobre a testa e os sulcos vencidos
depois, nas pétalas
do rosto, que foram já poema,
por fim nos
lábios, agora secos
e
abandonados, como as revoluções que se cansam
de esperar.
abril...
sempre:
há uma morte
invisível que nos agarra
ao silêncio
até nada
mais sobrar deste mês perfeito
em queda livre.
fotografia de eurico portugal
Uma data importante no calendário português e um poema cheio de força, emanando a fragância dos cravos. Tuas fotografias também são maravilhosas!
ResponderEliminarBeijos, poeta!
uma data que, como tudo o que é matéria, tem corpo frágil, pele imperfeita e horizonte finito. resta a reminiscência do que não foi.
Eliminarbeijos, taninha!
o homem e sua antiga mania de jogar pó sobre tudo!
ResponderEliminarUm puta poema. Saio emocionada
mais bj
talvez por ser, também ele, pó que acreditou na dança de deus antes de saber o que é a música...
Eliminarabraço, querida ira!
abril em cravos: rubro renascimento
ResponderEliminarem sangue e verbo
abração
o verbo que nos galopa enquanto o sangue apodrece, neste abril de retinas cansadas e neblinas por horizonte.
ResponderEliminarai, portugal, portugal, de que é que estás á espera? - perguntava jorge palma... sei lá eu!?...
abraço, amigo poeta!
Eurico querido,
ResponderEliminardia da Liberdade...
Aqui também tivemos um "Estado Novo" sob a batuta do presidente Getúlio Vargas (de 1937 a 1945), no Brasil de caráter populista, com alguns acréscimos ao trabalhador como o décimo terceiro salário, e outras concessões numa estratégia política inteligentíssima, pois eficiente ao angariar "adeptos" na massa, mas tão quão autoritário a exemplo de Portugal.
Fico pensando em governos autoritários, que geralmente aparecem quando um país está num cenário político, econômico e social com polos opostos.
Que historicamente uma coisa leva a outra, e o aumento na carga de impostos ao cidadão comum sempre aparece como primeira "estratégia política" de qualquer governo, até do que se alardeia democrático - depois a falta de incentivo à classe trabalhadora e retirada de alguns benefícios adquiridos (aqui no Brasil sob a égide de "medida provisória", que nunca é provisória) - consequente desaceleração do mercado - a economia esfria - então uma "nova-velha estratégia política": mais aumento de impostos - retaliação da economia - desaceleração do mercado - estagnação.
Crise política, econômica e social de um país, de seu vizinho, de todo continente, do outro continente em que mantém/mantinha relações, e num cenário de globalização: crise mundial.
Assim seja que as pessoas exerçam sua cidadania no ideário das flores: de forma pacífica, mas jamais passiva.
Acredito num movimento que surja das necessidades do povo, num levante, porém pacífico, mas onde o cidadão coloque sua voz e faça sua vez. Mas a questão também é social ao se efetivar ou não uma união de forças.
Num mundo com o poder midiático cada vez mais "democrático" - pós advento da internet, celular, penso que o cidadão, hoje, tem mais força para protestar que em outros momentos históricos, apesar de que a eficiência disso depende de muitos outros fatores.
E ainda temos que rezar para que o mundo não regrida a um governo com punhos de Sal(e)azar:)
Gostei muito de toda tua postagem, me suscitou uma série de pensamentos sobre assuntos que creio, deveras importantes e que me interessam muito, e que deveriam interessar a todas as pessoas.
Beijos!
aninha,
Eliminaro que me preocupa mais neste país é toda uma trajetória de pseudodemocracia em que o poder económico (nomeadamente o bancário e a alta finança) suporta os diferentes setores sociais, significando isto que, após anos e anos de má gestão e más decisões, chegámos a um ponto de "no return": as finanças estão degradas, a europa (de que somos reféns) desacelera (para não dizer que estagna) no desenvolvimento económico e os credores passam a ser mais criteriosos na concessão de crédito. se juntarmos a isto o facto de não termos indústria nem agricultura competitivas - a única coisa que fizemos durante 20 anos foi autoestradas que... dão prejuízo pela concessões da exploração a privados - e de os bancos financiarem em condições de crédito muito exigentes os pequenos e médios empresários, o combate ao défice faz-se sempre pelo mesmo lado: o dos contribuintes. Ato contínuo, temos dois anos de sucessivos cortes nos salários, aumento da carga fiscal direta e indireta, cortes em toda a espécie de subsídios e ataque cerradíssimo ao estado social (para mim, aquilo que não pode deixar de existir, porque nenhum país democrático pode assistir à queda dos seus concidadãos). em síntese, um país adiado, que vive de sal(e) azar da época moderna.
um país que apenas procura sobreviver acaba por morrer. merecemos muito mais do que isso, seguramente. e o 25 de abril, na substância e na forma, nunca me fizeram tanto sentido.
beijinho desde este minho que, ainda assim, mantém vivo o verde da esperança!
é assustador este presente, sem luz ao fundo do túnel.
ResponderEliminare este silêncio...
beijo, querido amigo!
bela postagem.
Este comentário foi removido pelo autor.
Eliminaré preciso cantar, querida amiga, é tão preciso...
Eliminarbeijinho!
A memória varre o pó sangrento do tempo! Nunca nos livramos das fuligens!
ResponderEliminarEmocionante a tua lira!
Beijos, amigo poeta das belas perspectivas!
porque até o tempo mais perfeito acaba em voo picado ou a ensaiar queda livre, jô. e as pétalas encarnadas escondem o sangue que não foi derramado, mas que apodrece, aos poucos, nas veias dos que sonham com um tempo outro.
ResponderEliminarbeijinho!
abril é mês adolescente
ResponderEliminarcada olhar está diferente
como palavra remoendo silêncios
abs
envelhecer sem rugas - eis a sina de abril e de tantos daqueles que fizeram da voz a sua revolução, antes da afonia.
Eliminarabraço a-berto em verso!
E "como um pássaro sem asas, ele subia com as asas que lhe brotavam da mão", numa espécie de revolução de cravos, ele construía o dia - ele construía utopia.
ResponderEliminarAinda ouço com carinho e esperança Zeca Afonso. Muitíssimo obrigada por tua amizade, por tua presença no rejaneando. Parabéns pelo nosso Benfica, agora é aguardar o Chelsea na Final!
esse pássaro para quem o voo se faz pelo sonho, mais do que pelas asas. e logo hoje, quando, de novo, o primeiro ministro de portugal se prepara para anunciar novo pacote que atropela o ideal de abril... mesmo sem asas, que o brilho no olhar se faça candeia de jamais desistir.
Eliminarobrigado pelo teu carinho-mais-que-sentido, amiga rejane! hoje, dia em que todo o peito rejubila, ainda, com o feito de mais uma final europeia! é o regresso da grande águia; que o voo a todos inspire!
um beijinho feito de saudades!
Eu agradeço tua amizade na esperança de Bach, nas asas do manuscrito de partitura original - não acredito que pacotes atropelem o ideal de abril, são os homens que conduzem os caminhos, a humanidade reagirá e prevalecerá, que o dia seja bem!
Eliminarhttp://youtu.be/lzQT1tTLUME
fecho os olhos e deixo-me guiar pela harmonia de bach e por todas as tuas palavras-amizade, pois o mais que o país hoje consegue fazer é evitar que a cabeça se precipite, em vertigem sem regresso, para dentro dos ombros. ontem à noite, caímos; hoje, procuramos perceber as perdas. amanhã, já, espero que estejamos de pé a resistir, à boa maneira de manuel da fonseca e dos cada vez mais necessários neorrealistas: "estou no meu posto a lutar".
Eliminarbeijinho, amiga desse olhar tão teu, tão meu!
pra ti, uma porção de nozes
ResponderEliminarhttp://youtu.be/JM4uazmXI_w
um abraço bem fica em estádio dragão,
uma graça, uma esperança: as vibrações alvirrubras.
fecho os olhos, avivo sentidos e, a pulmões plenos de ar, sinto a força alvirrubra desta tua graça, desta tua esperança. morrer ali é-me impossível, rejane.
Eliminarbeijo meu, amiga de sempre!