se alguém disser que morri, avança até à varanda do céu,
escuta a noite e recolhe o meu corpo da espuma dos planetas
Vasco Gato, Se alguém disser
fotografia de jorge pimenta
I. A um palmo do peito
Enrosco-me no silêncio da tua
chegada; quando me vês, entregas-me os lábios ou finges morrer.
II. Anagrama
Rosto inclinado, uma trança
pendida e todo eu estremeço no impulso do teu nome: procurar-te por entre letras
dispersas é acelerar a certeza deste corpo que respira.
III. Geografia
Tenho mapas, linhas de mão e
astrolábios, mas continuo a despenhar-me nas latitudes da tua voz.
IV. A
sombra das palavras
Fomos grito, fome e levitação, mas
agora, entre mim e o teu silêncio, somente a certeza de que um dia será futuro.
não sei qual a mensagem mais bela...porque são todas!
ResponderEliminarbom final de semana.
beijos
:)
um beijo não com a sombra das palavras mas com um tanto da luz que sobra do silêncio.
EliminarInteressante!
ResponderEliminarFiquei fã :)
beijos e obrigado pela visita
um beijo, rita!
EliminarEsse "im", antecedendo o possível, está entre as pedras que, muitas vezes, julgamos pesadas demais para serem removidas.
ResponderEliminarVariações que ficam mágicas em suas colocações, pela habilidade que tem em lidar com as palavras. Em todas há o sentir a predominar. Bjs.
mais duro que domar palavras é cavalgar os seus sentidos...
Eliminarbeijinho, querida marilene!
A um palmo do peito me evoca esse medo da entrega plena; mas me perco na insistência de escolher aqui o que me chama mais; já nem falo dessa arte à parte, que também fala por si, as fotografias, que têm me encantado tanto. Lembrei-me do teu blog anterior, que sempre e de logo gostei; quando se foi, lamentei; mas eis que aqui está outro espaço de rito do qual não me separo. haverei de sempre dizer obrigado, porque estar aqui me multiplica os caminhos.
ResponderEliminarBeijos, poeta querido!
taninha,
Eliminartudo tem um tempo. viagens de luz e sombra teve-o. mas a necessidade de recomeçar conduziu-me até um universo de nome distinto, longe daquele pouso, mas, ainda assim, na essência ainda viagens, com luz e sombra, agora no caleidoscópio do orvalho. até o nome autoral mudou - eurico, o herói do romance de herculano que mais mexeu comigo na juventude e o inevitável topónimo-antropónimo portugal. aos poucos percebi que a roupagem, sendo diferente, vestia o mesmo corpo. não havia como disfarçar para fora e para dentro. a essência da luz e da sombra permanece, o autor e o nome são os mesmos, mas, sobretudo, saber que há palavras que os dedos disparam e que aportam em alguns que as pressentem e acomodam no peito antes mesmo de serem paridas é a derradeira certeza de que vale a pena continuar por cá.
um beijo, amiga-poeta de todo o tempo!
Jorge amigo, saudades do teu espaço, e como sempre, me deparo com uma obra de arte literária sua, e nesse texto, o maravilhoso jogo de palavras e a sutileza no qual você brinca de escrever sempre surpreende, parabéns pelo texto.
ResponderEliminarEstou voltando aos poucos a escrever, não consegui ficar longe da escrita, grande abraço pra ti.
viva, paulo,
Eliminarhá quanto tempo... bom saber que tu e as tuas letras estão de volta. lugares que se fazem eternos retornos.
abraço!
Meu querido Poeta
ResponderEliminarEntre o silêncio e o gesto há um abismo que por vezes é difícil de contornar.
Sempre sem palavras para comentar o que apenas se deve sentir.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
esse abismo que as palavras afagam mordendo... mas, quem ousa resistir-lhes, amiga do sonho?
Eliminarbeijinho!
ando longe mas perto... sempre intenso, muito intenso estar aqui.
ResponderEliminarabraço, querido amigo!
ser é estar, bem para além de qualquer manifestação física, querida amiga... e TU és, TU estás, nesse pronome que conjuga todos os verbos-essência.
Eliminarbeijinho desejando que tudo esteja bem!
Sim... As variações em torno de amores... E há gentes que insistem em ser centro de tudo!
ResponderEliminarTu e tuas imagens... e eu me fazendo moldura só para conter um pouquinho de tuas (im)possibilidades!
Beijo, meu amigo das imagens sempre pulsantes! agradeço o passeio entre minhas transfigurações!
o amor, esse canto de levitação e nuvens; o amor, porventura a palavra mais despojada de tudo: começa num tu e é nele que projeta os demais pronomes.
Eliminarbeijos, amiga mão de arco-íris!
O poema é sempre uma partida para um novo destino
ResponderEliminarAlguma (Im)Possibilidade Para O Fim do Medo
Os possíveis nascem nas chegadas,
Rostos esculpidos por breus,
Mal sabem distinguir os próprios mitos,
Plurais alegorias, e já ousam
Pronunciar nomes
Seus olhos estão imersos em guerras,
Mesmo antes do olhar primeiro,
E cada aproximação é um objeto
De tortura em que permanecem
Ferindo-se até o dia da cremação
Das almas
Já os impossíveis, esses confusos,
Nascem das partidas,
Lugar de caminhos sossegados,
E realizam tudo que jamais será
É que seus íntimos nunca abrem
Porões decadentes
bj tuas mãos que sempre orquestram impossibilidade tão possíveis. obrigada!
possíveis-impossíveis, quase coágulos trespassados de luz e láudano à cabeceira do moribundo. e tudo se espalha num impulso só, consumindo veias e delírios nessa ciência de devassidão com que procura, qual leão faminto, o rasgão na carne que o leve à transparência do corpo. aí, só, por dentro da terra e do seu séquito de planetas, a morte, mínima, espreita, costurada pela saliva da memória - o veneno com que os deuses escarnecem dos homens:
Eliminar- eis a tua mais que certa possibilidade.
riposta:
- impossível!
[tarde de mais...]
entrego-te as mãos, ira maior!
o amor e os seus silêncios
ResponderEliminarora nós
ora vós
ora sós
abração
caí
Eliminaraí
...
ai
abração!
p.s. a queda é a outra forma de dizer voo.
Jorge,
ResponderEliminarretornando de viagem e retornando à viagem, (no sentido literal), pois emendei uma viagem à outra, e por aqui mais alguns passeios e vertigens.
Impossível não te ler, já há muito tempo uma Poesia essencial, e bem sabes que sinto assim.
Hoje mesmo me aventurei no desafio poético da Taninha, que ela organiza no facebook, onde coloca uma imagem para provocação do olhar poético de quem queira participar. De minha parte, participo, vez por outra, apenas para brincar, mas penso que esse 'poema' (assim mesmo entre aspas :) reflete qualquer coisa, e versa sobre aquela lenda uruguaia - de Montevideo - de que te falei a respeito.
Deixo aqui, para ti, como um singelo e simplório presente:
- O véu e um farol - *
Contam que a linda mulher
recebeu o 'não' no altar
subiu degraus
repousou en el Mar del Plata,
desde a torre do farol
até ao (a)mar.
Meu avô dizia
que quando o relógio
tocava meia-noite
a noiva aparecia
véu longo
e cintilante.
O que resta do amor?
Respondem:
o roubo da metade,
o fim da outra parte,
um véu
e o farol.
(*baseado na lenda uruguaia del Faro de la novia)
- Ana Cecília Romeu -
Beijos!
Jorge,
ResponderEliminarSobre a postagem anterior, en passant, saltou-me aos olhos a repetição de "Pena Capital". Senti-o como se fosse um mantra, aquele que em silêncio repete-se infinitas vezes para que se transforme em verdade.
Todas fotografias muito boas, mas há uma que em escolha particular minha, com olhos de designer gráfica, tentando pensar não ser as fotografias com assinatura de um amigo, e sim, de um cliente :) Chamou-me imenso, pois sinto que está um verdadeiro primor em termos de enquadramento (refiro-me apenas ao enquadramento). Arriscas a adivinhar qual das tuas fotografias dessa postagem anterior é esta, a que me comoveu profundamente em termos de enquadramento? A colocaria em qualquer peça gráfica e seria tremendo sucesso :)
Beijos!
PS.: Agradeço as palavras na postagem em razão do sétimo aniversário da minha Luíse.
aninha,
ResponderEliminartodas as lendas têm o seu quê de fantasioso e de verdadeiro o que, em certo sentido, as torna projeções de nós mesmos com tudo aquilo que temos de verdade e de apenas possibilidade-desejo. não sei porquê, mas desde miúdo que as lendas e o seu poder sugestivo e imagético, nas suas verosimilhanças (im)possíveis, mexem comigo - a lenda do galo de barcelos, a da ponte do diabo, na misarela, ou especialmente a lenda de peniche "os passos da dona leonor" são apenas alguns exemplos. a tua resposta lírica, como se em diálogo com as duas faces da narrativa fantástica, resulta num texto que é, ele mesmo, o farol a conduzir as sensações que experimentaste no contacto com este vermelhidão de pele por debaixo do véu uruguaio.
relativamente às fotos, ainda que não tenha a capacidade de selecionar aquela de que mais gosto, arriscaria - e porque o desafio se centra fundamentalmente no critério "enquadramento" - "monólogo de mãos para certezas improváveis". estarei certo? :)
beijos!
E-XA-TO, Jorge!
EliminarEsta fotografia mesmo. Excelente!
Não desmerecendo as tuas outras composições.
Percebi que tu és um grande fotógrafo desde uma foto que captaste em Santiago de Compostela, publicaste no Viagens, recordas? O campanário a apontar o caminho de uma revoada de pombos. Depois insisti para que publicássemos a parceria "Notícias do Tempo" com uma fotografia de tua assinatura.
E quanto a essa. Adorei a sobreposição dos dois planos. A linha em parábola descendente como é a vida... uma hipérbole galante à dividir dois mundos: um real e outro etéreo, mas ao mesmo tempo os ligando. Como a existência assim o é: um pouco disso ou daquilo. A ponte como um fio condutor, forte, absoluto, repousando sob a figura humana que segue seu destino e...
Estará ao acaso, ao fim do percurso, à direita da foto, a pessoa a jogar-se para fora desses mundos? (talvez a terra seja quadrada... :)
Ah! Ainda terei essa foto em meu blog!
Beijos de orvalho!
PS.: Enviei-te um e-mail.
PS.2: Aqui na serra gaúcha há vinho português, e também alguns manjares dos deuses, para degustar com os olhos e a boca. Mais um destino que te recomendo. Vambora?
aninha,
Eliminarcuriosamente contrapões, neste comentário, dois momentos do meu trajeto fotográfico: a tal vaga de aves em revoada sobre o campanário (capturada em ponte vedra, galiza), por um lado, e esta, em maastricht por outro. e falo de dois momentos apenas por isto: enquanto que a primeira, embora intencional, tenha resultado de um movimento mais ou menos espontâneo e naturalista, tendo eu percebido, então, que havia aves dispersas a definir a sua rota por sobre os telhados da cidade, por isso arrisquei, ainda numa câmara compacta e em modos de fotografia inteiramente automáticos, já esta resulta de um olhar que, agora um pouco mais amadurecido, imaginou o recorte de uma paisagem mais abrangente comunicando-nos o arco, a paisagem fria do ferro no encontro com o céu, incompleta e imperfeita como todas as babéis a desafiar eternidades, e logo ali, pequena, mínima, quase impercetível (mas perecível), a figura humana como que num grito silencioso marcando o seu lugar nesta caixa global onde todos cabem mas que a nenhum pertence...
hoje gosto de percorrer a minha galeria e perceber o que mudou... e o tanto que há ainda a mudar.
um beijinho de orvalho!
Como é tão (In)finito...
ResponderEliminarFeito de (des)ilusões (Im)possíveis
Feito de silêncio, é abismo de desejo...
É calafrio , doce arrepio - o Amor!
Beijinho terno, querido amigo poeta!
o ser e o não ser na sua viagem e-ternamente (in)completa: a sombra inteira de nós.
Eliminarbeijinho, querida amiga de palavra e imagens!
p.s. nada como os prefixos para procurarmos situar o que nos define.
Sou tua leitora fiel!
ResponderEliminar" Estala, coração de vidro pintado"