Há olhos que só olham o
sonho; e, quando
o sonho se dissipa,
ficam cegos.
Nuno Júdice, in Viagem
fotografia de jorge pimenta
quando me
chegas,
dedos magros
entornados na luz,
cai sobre
nós
um arco de açucenas e
espantos que,
de vento em
vento,
tomba pétalas
na gramática
dos corpos
demoras no
céu da boca cáries
e abismos de
boca
a atar
sorrisos à estação fria,
porque entre
os gomos e a árvore
crescem lâmpadas da
palavra inteira,
rotas de lua
rasa a enfeitiçar o sul
e a
eterna porta entreaberta para
o
desassossego
de viver milhões
de mundos
que
aprendemos a escrever
no silêncio
de ervas queimadas e ramagens
sem folhas
é esta a
paisagem onde vicejam
corações:
repara como
nos cabe no peito
mesmo que em
dias cinzentos
a abandonar
flores.
quando me chegas,
ResponderEliminardedos magros entornados na luz,
cai sobre nós
um arco de açucenas e espantos que,
de vento em vento,
tomba pétalas
na gramática dos corpos ... Inesgotáveis imagens belas e raras, nessa mestria de embriagar os sentidos! Bravo, bravo, Jorginho!!! Beijos
as palavras são tantas das nossas primaveras, verdade, taninha?
Eliminarbeijo grande para ti, alguém que, pés descalços, sabe caminhar sobre o ar!
tudo tão belo, poema e fotografia, quanto essa porta entreaberta para o desassossego.de viver milhões de mundos. o homem sobrevive ao corpo se ainda consegue guardar no pulso ao menos um poema.
ResponderEliminarbjs, poeta dos milhões de mundos que percorro espantada
só ele, o poema, em tempestade de pele e revoada de peito a chicotear-nos o eterno fogo de uma existência além-corpo... a outra parte do ser resistirá a esta sangria?
Eliminarbeijinho, ira-estrela-no-nevoeiro!
No meio das pedras a gente sente o conforto do limo, embora escorregadio... Penso que assim é o amor!
ResponderEliminarTu e tuas imagens pulsantes, meu amigo poeta! Beijo para toda a ausência!
titubiâncias e a quase certeza de não poder permanecer de pé... assim será o amor, neste jogo de limos e efervescências por debaixo dos pés.
Eliminarbeijinho, poeta de lira e espanto!
Respirar sem pausas é ficar ofegante. Quando se fica ofegante sente-se o mundo em voragem. Quer-se abarcar tudo de uma só vez, mas não é possível. Quando se ama, indiscutivelmente há sempre pausas. O que até é bom...
ResponderEliminarBeijos ao poeta.
é a essa respiração invisível, que ora entumece, ora faz mingar o peito, que nos agarramos quando todos os mundos se subjugam a esse horizonte-pulsação que se afasta à medida que lhe apontamos os passos...
Eliminarbeijos, ricarda!
Di-vi-no!!!!
ResponderEliminar" quando me chegas
demoras no céu da boca cáries
é esta a paisagem onde vicejam"
(não resisti ao resumo da ópera)
beijos cris-tais, poeta primoroso*
a verdadeira melodia começa na tua pauta, cris-tal!
Eliminarum beijo e um sempre rasgado sorriso ao pressentir-te por cá!
Um canto em que habitam tantos mundos
ResponderEliminarem poucos minutos,
onde não há pausas para respirar.
L'amour!
Beijos, poeta querido!
mesmo quando nesse mundo habitado pela respiração os frutos amadurecem antes do tempo e se desprendem tombando, sem pausas, na erva que os há de consumir...
Eliminarl'amour :)
beijinho, marlene!
A fotografia é excelente, Jorge.
ResponderEliminarE lá ao fundo, "crescem lâmpadas da palavra inteira".
É sempre um gosto entrar neste espaço.
Bom domingo.
Beijo
a fotografia não resultou como pretendia, pois perdeu um tanto de profundidade; por outro lado, se alterasse o ângulo para reforçar a profundidade, perderia a mensagem de fundo, inscrita na parede, aquele "amo-te" rebelde com que os anónimos gritam a sua falsa coragem para um espaço órfão de eco...
Eliminarsó mesmo ali, naquelas palavras roubadas ao peito, "crescem lâmpadas da palavra inteira".
um beijinho feliz por este reencontro de vozes, sónia!
Sinceramente, querido amigo, não sei de forma exata o que é sonhar no amor sem realizar. Por isso, meu comentário não será tão genuíno como eu gostaria.
ResponderEliminarConheci o Pedro numa discussão sobre política em um curso de pré-ingresso da faculdade, (nós gaúchos cultivamos o hábito de discussões intermináveis sobre aspectos político-econômicos-sociais). Ele, então militar da Força Aérea Brasileira; e eu, já designer gráfica e a idealista de sempre, com tendências mais esquerdistas. E a discussão, muito calorosa, evoluiu para o relacionamento que no próximo dia 25, completará 19 anos de casamento, mais uns tantos de namoro e discussões políticas :) Posso afirmar em 100% que discussões políticas podem alimentar o amor :)
Mas todos estamos sujeitos a equívocos, ilusões, tropeços, 'meter os pés pelas mãos' (como se diz no popular). O ser humano é imperfeito, somos sexuados, e viver não vem com manual de instruções.
Tudo faz parte de nossa biografia: o amor, a dor, o sexo, os equívocos.
Somos ricos em sermos pobres e pobres em sermos ricos.
Agradeço-te por tua Poesia imensa me instigar mais uma vez.
Beijo-te a ponta dos dedos com que digitas essas preciosidades, Jorge!
aninha,
Eliminaro que em nós é essencial não tem pré-definição; aparece, cresce, amadurece, vive, mirra e morre, algumas das vezes antes mesmo que o tempo nos cumpra completamente. e isto sucede de tal forma natural que muitas das vezes nem conscientizemos o percurso ou até mesmo o que se nos inscreve na pele. todavia, neste processo, muitas das vezes perdemos as barcas ou deixamos de ver as ilhas...
um beijinho de orvalho e o imenso prazer de sentir que as palavras que aqui se soltam aprenderam a navegar mares e marés!
a foto é excelente, e consegues sempre aliar as palavras certas.
ResponderEliminare nos cinzentos também se entornam sóis, nem sempre visíveis,
bom fim de semana.
beijos
;)
são esses os sóis mais difíceis de encontrar, piedade, os que sabemos existirem mas não sabemos bem onde, até porque gostam de jogar às escondidas com a pele que os persegue :)
Eliminarum beijinho!
eu fico a medrar palavras
ResponderEliminarque caibam na existência
mas elas fogem em devaneio
abraço
e depois da existência dita, combustão de boca, quantas mais sobram nesse fugidio terreiro de vazios?
Eliminarabraço!
"A porta entreaberta para o desassossego" está sempre permeando os caminhos do amor, vestidos de ansiedade e interrogações. Suas fotos são mágicas, como aquelas, invisíveis, escondidas em seus versos. Bjs.
ResponderEliminarquanto em nós é certeza e definição?
Eliminarpalavras que afago no peito, querida marilene. beijinho!
Belas as tuas palavras, neste desassossego de viver milhões de mundos :)
ResponderEliminarbeijinhos
desassossego de viver milhões de mundos... sabendo que uns tantos apenas se fazem verdade a galope das palavras :) seres plurais somos nós todos, afinal, verdade'
Eliminarbeijinho, rita!
mesmo nos dias mais cinzentos, o manto viçoso da esperança ergue-se vitorioso...
ResponderEliminaro amor gera desassossego...desassossego é vida...vivamos!!!
beijinho, querido poeta - amigo !