Há um tempo para construir e um tempo para destruir, umas mãos assentaram as telhas deste telhado, outras o deitarão abaixo e todas as paredes, se for preciso.
José Saramago, Memorial do Convento
fotografia de jorge pimenta
depois
o gás o adormecimento o
tédio
a oxidar estradas no
corpo
sem traço linha ou papel
depois
o olhar esbagaçando
pretéritos
até à asfixia
porque há um ventre a
atiçar desejos e
um sempre a arranhar solfejos
um sempre a arranhar solfejos
depois
a brevidade dos pulsos
atirados à corrida do
sangue
dos astros dos lábios;
espera o estremecimento
de cordas:
ganhou insónias e ninhos
no ar
onde já nem aves
migratórias ousam
amar
por fim
fez-se nómada
a clamar por linhas de
pele e infinitos
horizontes,
hoje não sabe
medir o tempo
e esconde-se na retórica
dos deuses:
nenhuma urgência será
mais do que
sílaba esquecida no
clarão
incerto de todos os
quases.
quases.
Olá amigo Jorginho!
ResponderEliminarMestre das letras e dos poemas pensantes.
Belo texto. Mais um daqueles de multiplos significados e catalizador de idéias.
Você tem mesmo o dom das letras e sabe agrupá-las de forma inteligente.
Um abraço!
andré, querido amigo,
Eliminarpensamos os textos quando a vida nos pensa - ou quase nada tocamos e quase nada nos toca.
um abraço!
este ponto/porto/pausa
ResponderEliminaro quase/quasar
abraço
este perto/certo/aperto/acerto.
Eliminaro tudo/nada em cada nó do corpo.
abraço!
murmúrios que ganham voz neste secreto mar que desagua no peito...
ResponderEliminarbeijinho, querido amigo!
murmúrios de voz ou as pequenas mortes em perífrase.
Eliminarbeijinho, querida amiga!
Passou-me a idéia de constantes destruições, de pedaços arrancados, de fins para os quais não se encontra respostas. Quando leio seus versos, divago e fico a refletir. Bjs.
ResponderEliminarsão essas sempre as primeiras viagens: as que fazemos bem lá dentro de nós, marilene.
Eliminarbeijinho!
quase pele,quase infinito..
ResponderEliminarquase morrer..
beijos meu poeta querido..
saudades..
saudades..
quase, ingrid... quase. e a completude a guiar-nos para (quase) todo o sempre.
Eliminarum beijo na fórmula infinita das saudades!
Por favor, publique este comentário, Jorge, pois houve, certamente, um problema técnico nas tentativas anteriores:
ResponderEliminarJorge, meu caro amigo, parceiro literário e de café forte:)
Sintetizando e me detendo a partir do incipt: uma das lições que meu pai deixou, seu Oscar Rodriguez, apesar de que era arquiteto, é que devíamos valorizar o lar em detrimento a casa. No lar não há o 'depois' e o 'quase', o lar é inteiro e perene. Toda ou qualquer (des)construção é apenas indício de nova reforma, nunca de construção feita com material medíocre ou erro de cálculo estrutural.
Beijos!
PS.: Como amiga da Maggie, inquietou-me vê-la sentada num chão supostamente frio :)
PS2.: Espero que seja publicado.
aninha de tantas parcerias,
Eliminaré esse o propósito que nos move: sermos plenos, sermos inteiros no grande lar do que nos define homem/mulher. mesmo que erguendo e derrubando, cimentando e descolando, ajeitando e desalinhando: as tais pequenas mortes que antecedem as grandes vidas.
beijos!
p.s. a maggie posou um tanto a contragosto, tenho de o admitir, mas se ela é teimosinha, eu não o sou menos :)
Ah que encanto, Jorginho!
ResponderEliminarEsse ventre a atiçar desejos ficou demais!!!
A propósito, visitei o site com suas fotografias: belíssimas!
Beijo.
adriana,
Eliminaresse ventre com a transparência da terra e da dor...
beijo!
Esses últimos versos, heim? Nossa, isso aqui é a minha fonte de águas delirantes que não posso ficar sem beber.
ResponderEliminarBeijos, poetamigo!
os quases em leque de brisa baloiçando um tanto de tudo.
Eliminarbeijo, taninha!
há quem consiga medir
ResponderEliminaro espaço entre as palavras?
há quem quase tente!
beijo, meu amigo das imagens pulsantes!!
o espaço entre as palavras: a memória dessa luz atrasada...
Eliminarbeijinho, jô!
depois, jorgíssimo,
ResponderEliminaro olhar "esbragaçado", bracarense e nada (nunca mais) sera o mesmo.
impossível tirar o cheiro da bracara augusta que veio em minhas retinas, minhas pupilas, minhas roupas...
a memória desta luz perene.
às vezes, tudo é para sempre, poeta de mire de tibães.
abração do
r.
ps: e minha/nossa Maggie finge - apenas finge - que não gosta de posar pro olhar do pai.
robertílimo,
Eliminarimagino-te já de regresso aos states e a tanto de ti que tem a forma dessa terra sagrada.
o cheiro de cá, esse, não é mais o mesmo, porque nada permanece igual depois de mexido. as saudades reafirmam o tempo, não o que nos escapa, mas o nosso, o tempo-homem com o qual nos tornamos inteiros e maiores.
definitivamente há tanto para sempre...
abraço vivo neste dia em que um dos maiores desafia o grande verso - a eternidade: antónio ramos rosa.
e eu falava ao saber da morte, anteontem, que falávamos dele, jorgíssimo, aí nessa bracara augusta em que respiras.
ResponderEliminarque a terra lhe seja leve, cismo em rogar.
abraço ainda fura de fuso.
r.
falávamos dele que é outra forma de manter vivo, querido amigo desta braga que é nossa.
Eliminarsaudades desse arroz que leva o nome da minha cidade e o aroma da nossa amizade - por mais dias que passem...
abraço!
Depois
ResponderEliminara infinita (im)possibilidade do desaguar inquieto de todos os QUASES,
Agora
no silêncio a palavra indómita que vence o tempo e faz-se DEUSA...
Beijinho, querido amigo poeta!