sou eu
que habita a capital
do teu poema
num prédio
mal iluminado.
Ana Salomé, Ode do casaco vermelho
fotografia de jorge pimenta
de que gesto
te serves para
lhe chegares
ao corpo
impresso de
ambos os lados?
quantas
mentiras chamas às mãos
no palco
da feminina melancolia
a escalar
desejos
e
impossíveis?
onde o
viés da coxa
espetada no
centro,
tensa,
peregrina, mulher
por entre gemidos
e espanto?
é verdade,
as palavras
dispersam primaveras
e os
silêncios também morrem
de amores
como os
homens
reclamando
sucos
gritando
vertigens
empurrando a
carne para despistes
e todo o
corpo de encontro ao muro
que disseste
sábio e transparente
como línguas
a ocultar promessas
por debaixo
da pele
cingida no elástico
da cinta
onde navios
adivinham
o porto em
que podem morrer
estremeço:
- quem serás tu,
afinal?
o cabelo solta-se
descobrindo
uma paisagem
inabitada a
oeste da anca
como se tudo
o que se espera
fosse
demasiado:
- apenas certeza e quase mulher
a dar de mim o que já não posso.
e nesse dia
descobrimos ambos:
todos os livros
guardados na mesinha de cabeceira
são
anteriores ao tempo
mas nunca
partem para longe.
Quanto tempo sem te visitar hj
ResponderEliminarvim deixar meu carinho e elogios peoo
belo poema, a imagem linda combina com a
sensualidade dele parabéns mais uma vez
Bom fim de semana
Bjusss
___Rita!!
somos cada reencontro e todas as suas horas.
Eliminarbeijinho, querida rita!
a existência feminina é tão incerta quanto a certeza de alguns nadas...
ResponderEliminare os silêncios vão morrendo de amores, pois tão pouco escapa de ser saudade!
beijos, ainda com saudade, meu amigo das imagens pulsantes!
aprender a escutar silêncios é recuperar o que de mais verdadeiro possa habitar-nos, nesta existência sem género, raça ou pátria, existência em que escondemos cada pedaço de fruto mal roído...
Eliminarbeijos, jô, nesta luta incessante com os adversários do quotidiano a que chamamos tempo e que me afastam de quem tanto gosto...
Jorge,
ResponderEliminarnós mulheres somos seres extremamente complexos, temos muitas fases e um tanto que nos habita. Inevitavelmente, em algum momento ou vários de nossas vidas, seremos tomadas por dissimuladas, sedutoras "femme fatale", ou quem sabe protetoras, líderes, cruéis e um tanto mais. Essa taxação me incomodava muito quando era bem mais jovem. Mas desde sempre adotei a seguinte conduta:
se sinto saudades de um amigo, colega, etc., digo-lhe que sinto saudades;
se alguém é importante para mim: "você é importante para mim";
ao sentir essa coisa inexplicável que é o amor (de mulher para homem), então fiz/faço silêncio: os meus olhos dizem e o mar os escuta, e isso é o suficiente.
Belo e instigante poema, como todos que escreves.
Espero que teus papais estejam bem, caro amigo.
Beijos!
queimar o verbo na entronização de cada um dos silêncios: sermos pássaros em quem as manhãs entornam as asas num respingar leve de vento e rota. sermos todo o mundo mesmo que a cor se faça amarga no fim da tarde. sermos o que sentimos e todos aqueles que guardamos no interior da respiração... tudo o mais é excessivo.
Eliminarbeijinho!
Querido amigo, incrivelmente belo quanto intenso!
ResponderEliminara silhueta feminina quase horizonte e as tuas palavras...
beijos!
"a silhueta feminina quase horizonte e as tuas palavras..."
Eliminara tua leitura é todo o poema, querida andy! beijinho com saudades da tua escrita.
Na imagem (excelente), um caminhar para a luz da vertigem, do grito, do gemido e do espanto. Nas tuas palavras, adivinha-se o encontro com este horizonte, que sempre se afasta. Tudo se passa, realmente, "num prédio mal iluminado".
ResponderEliminarBelo e intenso poema. Tem uma boa semana, Jorge.
Deixo um beijo.
esse caminhar para a luz e as suas vertigens de rosto tantas vezes sujo pela aspereza das palavras com que lavamos os dias, os fracassos, as inconsequências de ser... chamemos a voz do corpo "num prédio mal iluminado" como quem recita um poema; faça-se alvorada no interior do olhar.
Eliminarbeijinho, sónia. sempre tão queridas a presença e as palavras!
anterior ao tempo
ResponderEliminarum templo
um caos
fiat lux
abraço
todo o tempo
Eliminarcaos
casos
cacos...
há um momento em que desinfetamos a boca no silêncio... e depois renascemos - fogo fátuo.
abraço!
leve a sério o meu silêncio, apenas, pois tudo mais existe menos.
ResponderEliminarjá estava imensa a saudade. volto. pq sim!
bj, meu poetamigo de todos os versos que habitam em mim
junto-te o meu silêncio, querida ira, pois quantas vezes ele me habita por dentro?...
Eliminarum beijo com as mãos trémulas de tanto procurar...
Amigo poeta uma poema que toca na alma,
ResponderEliminaré sério ,
é lindo ,
é triste
que vida incerta.
Beijinhos,Evanir
são assim os versos, querida evanir, doença e cura de cada uma das nossas loucuras.
Eliminarbeijinho, grato por este reencontro!
Sua foto é muito bela. Há um pouco de luz, apenas, sobre a mulher, que permanece indefinida e tão somente imaginada. A mesma sensação me trouxeram seus versos, a ocultar mais que mostrar, culminando na interrogação "quem serás tu?" . Talvez nem ela saiba. Bjs.
ResponderEliminarsomos assim mesmo marilene: muito mais insondáveis do que exprimíveis.
Eliminarbeijinho grande!
Não resta dúvida que você é um poeta primoroso.
ResponderEliminarUm dos melhores, que conheço.
Beijos cristais, queridíssimo!
Gravo-me em gestos
Quando sinto
Saudades das mímicas
...
sabemos que de todas as sementes, o verso é a mais preciosa e que em ti se con-funde com a amizade.
Eliminarbeijinho, amiga-poeta de cris-a-tal!
a imagem acompanha muito bem o poema , um misto enigmático, uma sensualidade latente e tantas utopias e certezas escondidas.
ResponderEliminargostei!
:)