Por fim, relembras... recordas o
tempo em que escrevias vozes em cada verso, mulheres mordendo a noite, copos
acesos de rimas à espera que os lençóis estendessem as mãos para as magnólias
de um tempo que adivinhavas eterno. Sim, escrevias, e no bailado de tinta, emaranhavas
serpentes que se lançavam para dentro do corpo – e o tempo foi água a correr,
invisível, na clepsidra das veias.
Hoje já nada escreves e a palavra
é apenas o abandono com que, de bengala na mão, recordas o fim da estrada. Por
isso, corres... à velocidade da solidão.
Fotografia de Jorge Pimenta